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Bolsonaro escolhe general Azevedo e Silva para Defesa, e deve anunciar hoje nome do chanceler

Dida sampaio/Agência Estado -
Com agenda cheia em Brasília, Bolsonaro tem reunião com governadores e também pode divulgar o nome do titular do Meio Ambiente
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O presidente eleito Jair Bolsonaro anunciou, ontem, a escolha de mais um general para o seu ministério. Como tem feito desde o primeiro anúncio, ele usou o Twitter para divulgar sua nova decisão. “Bom Dia! Comunico a todos a indicação do general-de-Exército Fernando Azevedo e Silva para o cargo de Ministro da Defesa”, tuitou Bolsonaro às 8h, assim que desembarcou em Brasília para mais uma jornada de encontros do governo de transição.

Mais tarde, ao falar com jornalistas, Bolsonaro disse que a sugestão do nome de Azevedo partiu do general Augusto Heleno, escolhido para o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Outro militar já anunciado é o tenente-coronel e astronauta Marcos Pontes, para a Ciência e Tecnologia.

Sétimo ministro anunciado por Bolsonaro, o general Azevedo, que atuava como assessor da presidência do STF, é, portanto, o terceiro militar a integrar o futuro ministério. Bolsonaro prometeu divulgar, hoje, o titular das Relações Exteriores. Ele indicou que será alguém dos quadros do Itamaraty. E perguntado se seria homem e mulher preferiu ironizar: “Pode ser gay também”. O presidente eleito voltou a enfatizar que o ministro terá a missão de “fazer comércio com mundo todo, sem viés ideológico para um lado ou para outro”.

No caso do ministro do Meio Ambiente, que também pode ser anunciado, ele disse que há dois nomes em estudo (a atriz Maitê Proença e o ex-tucano Xico Graziano), mas pode aparecer um terceiro. O perfil que procura seria de um técnico “que tenha vontade e iniciativa para mudar muita coisa” que impede os investimentos no país. “A questão das licenças ambientais tem atrapalhado muita coisa no Brasil”.

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Com agenda cheia em Brasília, Bolsonaro tem reunião com governadores e também pode divulgar o nome do titular do Meio Ambiente (Foto: Dida sampaio/Agência Estado)

Após se reunir com a equipe de transição e em seguida visitar o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro João Batista Brito Pereira, Jair Bolsonaro comunicou que voltou atrás e desistiu de extinguir o Ministério do Trabalho. “Vai continuar com status de ministério e não vai ser mais secretaria [como foi cogitado anteriormente]”, informou aos jornalistas.

O presidente eleito demonstrou não ter clareza sobre qual será o formato da nova pasta, disse apenas que será mantido como ministério e possivelmente agregará outro setor. “Ninguém está menosprezando o Ministério do Trabalho. Está apenas sendo absorvido por outra pasta”, declarou, descartando apenas uma possível integração ao ministério da Indústria e Comércio, já que este estará no guarda-chuva do superministério de Paulo Guedes. “Botar mais o Trabalho lá acho que fica um pouco pesado”, declarou.

Com isso, o número de ministérios pretendido pelo futuro governo ficará, até as decisões de ontem, em torno de 18, ultrapassando os 15 anunciados, dados como ideais anteriormente.

Bolsonaro confirmou que vai participar hoje do encontro com 27 governadores, patrocinado pelo governador eleito do Distrito Federal, Ibaneis Rocha. Mas já adiantou seu recado: “O que eles querem eu também quero – dinheiro”. Por outro lado, acrescentou que a equipe econômica chefiada pelo futuro ministro Paulo Guedes estudará todos os pedidos de renegociação de dívida dos estados.

Bolsonaro deverá se encontrar também com o presidente da Câmara Rodrigo Maia. Ele pretende ainda sentar em sua cadeira no Plenário da Casa, já que ainda é deputado federal.

Será o primeiro encontro oficial entre os dois, desde a sua eleição. Na semana passada o novo presidente esteve com Maia e com o presidente do Senado, Eunício Oliveira, na celebração dos 30 anos da Constituição Federal e chegou a agendar encontros formais para ontem. Mas por causa de desentendimentos entre integrantes da sua equipe e os dois presidentes, acabou cancelando a agenda. “Houve um mal-entendido”, minimizou ontem.

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Entre o exército e a política

O futuro ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, tem mais experiência política e de articulação do que os superministros civis, o economista Paulo Guedes (Fazenda) e juiz Sergio Moro (Justiça). Foi chefe do Estado Maior do Exército, ocupou vários cargos na estrutura militar, e, por anos, exerceu a função de assessor parlamentar, o que lhe deu trânsito no Congresso e conhecimento dos meandros do Legislativo.

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Azevedo e Silva era assessor de Toffoli (Foto: Dida sampaio/Agência Estado)

Em agosto passado, ainda como chefe do Estado Maior do Exército, Azevedo e Silva defendeu a “conciliação” e “tolerância” nas eleições 2018. O militar, assim como Bolsonaro, tem formação de paraquedista. Natural do Rio de Janeiro, foi declarado aspirante a oficial da Arma de Infantaria, em dezembro de 1976. Foi ainda presidente da Autoridade Olímpica (de 2013 a 2015) e comandante militar do Leste, no Rio de Janeiro, em 2016. Integrou, como atleta, as equipes das Forças Armadas de Voleibol e de Paraquedismo. Disputou os campeonatos Brasileiro (infantil e juvenil), os Jogos Estudantis Brasileiros (JEBs), o Mundial Militar do Conselho Internacional do Desporto Militar, entre outros. No exterior, desempenhou a função de Chefe de Operações na Missão de Paz da ONU, no Haiti.

Em setembro, Azevedo e Silva foi indicado pelo atual comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, para assessorar o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli. Em nota, Toffoli disse que foi consultado por Bolsonaro sobre a indicação. “Prontamente disse que seria uma excelente escolha”, afirmou. “É um homem de muita experiência; foi uma peça chave no desenvolvimento das Olimpíadas”, disse Villas Bôas.

Dida sampaio/Agência Estado - Azevedo e Silva era assessor de Toffoli