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Bolsonaro acena com possibilidade de contar com a colaboração de Temer em seu governo

Dida Sampaio/AE -
Michel Temer recebe Jair Bolsonaro, acompanhado pelo general Heleno e Ônyx Lorenzoni
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A troca de gentilezas ontem entre o presidente eleito Jair Bolsonaro e Michel Temer deixou no ar mais um sinal ruidoso – o de que o MDB poderá permanecer no governo, inclusive, na pessoa de Temer. Após encontrar-se com o atual mandatário, Bolsonaro afirmou que contará com a ajuda de Temer não apenas durante a transição de governo, como de praxe, mas também a partir de 2019.

“Sem querer antecipar nada, se preciso for, a partir do ano que vem voltaremos a pedir que ele [Temer] nos atenda, porque tem muita coisa que continuará. O Brasil não pode se furtar do conhecimento daqueles que passaram pela Presidência. Isso será útil a todos nós”, indicou Bolsonaro na breve declaração que ambos fizeram à imprensa após encontro no Planalto.

Investigado no âmbito da Operação Lava Jato, Temer disse que encarou o convite antecipado como gesto de “delicadeza” de Bolsonaro e falou que o presidente eleito se referia a uma “colaboração no sentido de conversas eventuais que venhamos a ter depois que o presidente Bolsonaro já eleito assumir o governo”.

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Michel Temer recebe Jair Bolsonaro, acompanhado pelo general Heleno e Ônyx Lorenzoni (Foto: Dida Sampaio/AE)

O atual presidente descreveu o encontro como um “momento político-administrativo”, que deve contar com a participação de todos. “Isto aqui significa aquele momento político-administrativo, já não é mais um momento político-eleitoral, em que havia controvérsias, mas um momento político-administrativo em que todos os brasileiros devem unir-se, irmanar-se, dar-se as mãos, para a prosperidade do Brasil”, concluiu.

Ele se comprometeu a envidar esforços para a aprovação de projetos de interesse de Bolsonaro que tramitam na Câmara e no Senado. Para isso, pediu que a fosse enviada a lista dos projetos sobre os quais haja interesse de que sejam aprovados ainda neste mandato.

Temer informou ainda que convidou Bolsonaro para as próximas viagens internacionais que fará até o fim do ano. Uma delas será a Buenos Aires, capital da Argentina, para a reunião do G20, grupo que reúne as 20 principais economias do mundo, de 30 de novembro e 1º de dezembro. Mas Bolsonaro ainda se trata por conta da facada que levou em setembro e deve fazer uma cirurgia nos próximos dias.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) marcou para as 11h do dia 10 de dezembro (uma segunda-feira) a diplomação do presidente eleito. A sugestão do TSE foi de que o presidente eleito e seu partido antecipassem em cinco dias suas prestações de contas, cujo limite é o dia 17 de novembro. Dessa forma, seria possível cumprir todos os prazos previstos no calendário eleitoral e realizar a solenidade de diplomação do presidente eleito antes da data prevista para que Bolsonaro se submeta a um novo procedimento cirúrgico. A data limite para a diplomação é 19 de dezembro.

O presidente do MDB, senador Romero Jucá, não descartou a possibilidade de o partido integrar o novo governo, embora ele defenda a independência. Perguntado por jornalistas se impediria a aceitação de um eventual convite por emedebistas, ele afirmou que precisaria ver em que situação o convite se daria. “Não dá para falar sobre hipóteses. O MDB não está conversando com o novo governo, não vai discutir nenhum tipo de cargo”, respondeu Jucá.

O partido de Temer e Jucá lançou ontem o documento “O caminho do futuro”, que faz uma avaliação das ações adotadas na gestão emedebista e traz encaminhamentos para o novo governo em temas como as reformas previdenciária e tributária. No lançamento do texto, Jucá disse que o MDB poderá ajudar na discussão com o novo governo, mas “não é indo atrás de ministério ou de cargo que vamos consolidar uma imagem de partido que vai ajudar o povo brasileiro”.

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bolsonaro | governo | mdb | Temer