ASSINE
search button

O livro 'comunista' do ex-presidente FHC

Reprodução/ Twitter -
Fernando Henrique Cardoso
Compartilhar

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) trocaram farpas pelas redes sociais após o tucano afirmar que declarações recentes de Bolsonaro poderiam prejudicar a imagem do País no exterior.

No domingo, dia 4, o presidente eleito publicou em sua página no Twitter uma foto do ex-presidente deitado em uma poltrona, segurando o livro "Prisoner of the State - The Secret Journal of Chinese Premier Zhao Ziyang". A imagem - feita pelo jornal O Estado de S. Paulo em 2009 para ilustrar reportagem no caderno Casa - rendeu comentários dos seguidores de Bolsonaro de que FHC era adepto do comunismo, já que o livro trata de Zhao Ziyang, ex-líder comunista deposto da liderança do Partido Comunista da China em 1989 por se opor aos massacres ocorridos na Praça da Paz Celestial.

Macaque in the trees
Fernando Henrique Cardoso (Foto: Reprodução/ Twitter)

Nesta segunda-feira, 5, foi a vez de o ex-presidente responder. FHC acusou o adversário de "desinformação". "A desinformação é péssima conselheira, sobretudo vinda dos poderosos", escreveu o tucano. "Na foto do Twitter do Pr eleito eu apareço lendo um livro de ex-premiê da China, deposto e preso, em que critica o regime. Isso aparece como 'prova' de que sou comunista. Só faltava essa. Cruz, credo!"

Bolsonaro é citado duas vezes no segundo volume dos "Diários da Presidência" (1997-1998), do ex-presidente. Na primeira, o registro é de 12 de junho de 1997. FHC conta que na véspera foi à entrega da comenda da Ordem do Mérito Naval, e viu "uma coisa insólita". "Gente guiada pelo Jair Bolsonaro fazendo arruaça na porta do Grupamento de Fuzileiros Navais contra o ministro da Marinha, porque ele aplicou a lei e puniu um sargento que queria passar para a reserva de uma maneira parece que fraudulenta". O ministro era o almirante-de-esquadra Mauro César Rodrigues Pereira.

O segundo registro, de 21 de agosto de 1997, aborda uma reunião do então presidente com a bancada do PPB, à época o partido de Bolsonaro. "Eram oitenta pessoas e muitas votam constantemente contra mim. Inclusive o Bolsonaro se deu ao luxo de vir. Tem me atacado muito", diz FHC.

Outro dos presentes ao encontro era o deputado federal Roberto Campos, ex-ministro do Planejamento durante a ditadura militar. Segundo os "Diários", Campos falou em inglês, "para que outros não entendessem que o Congresso é o melhor lugar do mundo, mas tem os piores homens do planeta, e riu muito".