ASSINE
search button

Tornozeleiras eletrônicas não. Bolas de ferro para Cavendish, Cachoeira e cia

Compartilhar

Marcelo Versiani, advogado do contraventor Carlinhos Cachoeira, deu, neste sábado (2), a seguinte declaração a respeito da falta de tornozeleiras eletrônicas para que seu cliente deixasse o complexo penitenciário de Bangu: “Se não houver (as tornozeleiras), não é culpa do nosso cliente, nosso cliente não pode pagar pela omissão do estado”.

A declaração é de corar qualquer cidadão honesto. A falta de tornozeleiras eletrônicas no Estado do Rio de Janeiro é decorrente da falta de dinheiro público que Cachoeira, Fernando Cavendish e companhia roubaram nestes últimos anos com desvios de verba pública e superfaturamento de obras estaduais.

O rombo que essa gangue provocou para os cofres públicos é tão grande e escandaloso que esses sujeitos deveriam carregar não tornozeleiras eletrônicas, mas bolas de ferros de 200 quilos, daquelas medievais, grudadas nos pés. Os bandidos presos na Operação Saqueador já ganharam o direito de cumprir prisão domiciliar e a previsão é que as tornozeleiras eletrônicas cheguem até a próxima quinta-feira (7).

Diante de tamanho escândalo, o Ministério Público Federal (MPF) já informou que vai recorrer da decisão do desembargador Antonio Ivan Athié, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, que concedeu prisão domiciliar para Cachoeira, Adir Assad, Marcelo Abbud, Cláudio Abreu e Cavendish. A decisão do magistrado foi tomada em segunda instância nessa sexta-feira (1º) e reverteu a prisão preventiva,  determinada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.

"Vamos recorrer para tentar reverter essa decisão, que beira o abolicionismo penal, prisões domiciliares sem análise mais profunda e cuidadosa, num contexto de desvios de quase 400 milhões, soltura relâmpago", diz o procurador-chefe da procuradoria Regional da República, José Augusto Vagos, que atua junto ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região.

"[É] um desprestígio aos órgãos de persecussão que trabalharam duro para essa operação, gasto enorme de tempo e dinheiro para, sem maiores considerações e aprofundamentos, concederem-se prisões domiciliares em série", complementa. Ele diz ainda que foram mais de 20 denunciados, mas que o MPF teve o cuidado de pedir prisão de poucos, que representam risco à ordem pública.

>>MPF contesta prisão domiciliar para Cavendish e Cachoeira

>>Justiça nega soltura de presos da Operação Saqueador sem tornozeleira eletrônica