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O fim das sanções ao Irã e o preço do petróleo: ainda há um longo caminho pela frente

Queda-de-braço com o Congresso dos EUA e com Israel  são fortes obstáculos

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A expectativa de novas e acentuadas quedas no preço do barril de petróleo com o fim das sanções ao Irã, anunciado no sábado(16), deve ser vista com cautela, segundo analistas. O mercado antecipava a possibilidade e, segundo especialistas, as recentes quedas já estavam inseridas na expectativa da suspensão dos embargos ao Irã. O que é preciso destacar é que, apesar de os EUA terem anunciado o fim das sanções, na prática ainda há um longo caminho para que ele se concretize, inclusive com o embate no Congresso americano, onde a oposição tem maioria.

Certamente também ainda haverá uma pesada guerra diplomática entre os Estados Unidos e Israel, que deverá criar fortes empecilhos. O que Israel está fazendo com o Brasil hoje - nomeando pelas redes sociais o seu embaixador no país numa afronta à autoridade política brasileira, que inclusive mereceu forte editorial na Folha de S. Paulo, intitulado "O caso Dayan" - poderá fazer também com os Estados Unidos. 

O fim das sanções, apesar de anunciado, está longe de ser favas contadas. Há uma longa e árdua batalha pela frente. Os especuladores e o mundo devem se conscientizar de que a crise do petróleo tem duas razões principais: a questão geopolítica, com países produtores enfrentando a oposição de um segmento financeiro do mundo. Mas também é preciso destacar que na Arábia Saudita, o custo do petróleo não significa só produção, mas sim a própria manutenção do Estado. Tudo na Arábia, todos os serviços, são pagos com dinheiro do petróleo.

A Rússia vai aguentar esta queda nos preços? Os países asiáticos produtores vão aguentar? Os da América do Sul - Venezuela, Colômbia, Brasil - vão aguentar? O Brasil ainda tem a vantagem de um elevado consumo interno, que minimiza o problema da Petrobras já que o que é produzido é consumido. Em 2015, a estatal produziu 2,128 milhões de barris por dia, número equiparado ao consumo, também na faixa dos 2 milhões de barris. A derrocada no preço do barril assusta mais os países que são 100% dependentes do petróleo.

O Brasil deve ter um profundo programa de reforma na área econômica. É o que se espera que seja anunciado pela presidente Dilma Rousseff na abertura do Congresso, dia 2 de fevereiro. Em seu discurso, Dilma deverá afirmar que o problema político não pode prejudicar o povo brasileiro, e que ela vai tomar medidas independentes da crise política, mas fundamentalmente dependentes do crescimento econômico do país. Um grande programa para preservar a atividade fim da Petrobras, mesmo com a participação estrangeira, é fundamental.

O povo tem a consciência de que a sobrevivência da Petrobras e a tranquilidade do país são muito superiores às filigranas fisiológicas, que só servem para transformar a economia do país, como vem acontecendo em países da America do Sul, e com o estado de beligerância e guerra de alguns países do Oriente.