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Para torcedores, Rio 2016 aprendeu com os erros do primeiro final de semana

Após problemas com falta de alimentos, por exemplo, novas medidas foram adotadas

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Os organizadores da Olimpíada conseguiram corrigir os problemas enfrentados no início dos jogos, acreditam os torcedores. Mesmo com o apelo feito na véspera pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes, para que os cariocas evitassem sair de casa no primeiro dia útil de Olimpíada após a cerimônia de abertura, os que chegaram ao Parque Olímpico da Barra nesta segunda-feira (8) também não tiveram dificuldades com transporte público. 

No final de semana, torcedores precisaram lidar com a falta de alimentos nos parques olímpicos. Os organizadores tinham prometido multiplicar o número de funcionários para regularizar a venda e garantir o abastecimento  a partir desta segunda-feira. Das menos de dez pessoas encarregadas da logística de alimentos, o número saltou para cem pessoas, entre outras medidas.

Um grupo de quatro amigos paulistas, que estão no Rio para acompanhar todos os dias de Jogos, notou uma melhora. Cassiano Aimoli, 33 anos, engenheiro químico, Ana Rita Aimoli, 28 anos, fisioterapeuta, os dois de Santos, Tais Mingardo, 29 anos, socióloga de formação, e Leandro Nascimento, 36 anos, engenheiro, estes de Campinas, tiveram problemas para conseguir comprar comida nos primeiros dias, mas acreditam que a organização conseguiu contornar os problemas rapidamente. 

O grupo também destacou a questão da agilidade das filas para entrada nos locais de competição. A única fila vista no primeiro dia foi substituída por três. "No sábado, a gente teve problemas aqui, sofremos, passamos fome, ficamos 40 minutos na fila e não tinha comida e tudo o mais, mas ontem foi muito legal chegar aqui e ver que foi tudo muito rápido. E ontem tinha o dobro de pessoas do sábado e não tinha a reclamação de sábado. Então, conseguiram converter rápido as reclamações", destacou Tais. 

O grupo de amigos escolheu ficar hospedado na Barra, para tentar driblar eventuais problemas com transporte e até mesmo o grande número de conduções. Giovana Venturelli, 41 anos, administradora de empresas, e a mãe Lea Gonçalves Venturelli, 69 anos, professora aposentada, também vieram de São Paulo , mas estão hospedadas em Laranjeiras. Nesta segunda-feira, elas pegaram metrô e BRT. O único problema, apontaram, foi a falta de informação na estação de Metrô do Flamengo.

Elas também estiveram em Deodoro neste domingo (7), onde "não tinha comida", apenas amendoim e croissant. Apesar dos preços do cardápio, superadas as grandes filas da véspera, para elas, hoje a situação estava "aceitável". 

Fernanda Cury Resende, carioca de 36 anos, analista de exportação, está grávida de 39 semanas e foi conferir os jogos nesta segunda com o marido Rogério Resende, 41 anos, fotógrafo, e a enteada Bruna Resende. No primeiro dia deles nos Jogos do Rio, eles disseram que não têm nenhuma queixa em relação à organização no local, alimentação ou transporte.

"Para comprar comida foi super tranquilo, na entrada também, sem fila. Para ir ao banheiro foi super tranquilo também, o banheiro [está] super limpo", comentou Fernanda. Rogério acrescentou que, acompanhando o noticiário na véspera, eles tinham saído de casa preparados para enfrentar dificuldades. "Mas não tivemos problema nenhum, foi tudo muito rápido", disse. "Valeu a pena, foi muito legal mesmo, uma experiência maravilhosa, estava até pensando em vir de novo."

Vagner Aparecido Melari, 60 anos, engenheiro civil, e a esposa Marcia Aparecida Felício Melari, 56 anos, administradora, vieram de Araras, interior de São Paulo, para os Jogos no Rio. Estão hospedados em Copacabana. Pegaram metrô e BRT para chegar à Barra, e foram a outras competições no final de semana. Sobre hoje, "apesar dos vários tipos de transporte" que precisaram pegar, como relataram, acharam fácil chegar no local, e não tiveram problemas para receber informações no caminho. 

O casal só reclamou um pouco do banheiro -- "está aceitável, não ideal", comentou Marcia Aparecida -- e também dos preços dos alimentos. 

"Eu não acho que acho que a Olimpíada seria uma boa para o Brasil, mas, já que fizeram o pacto lá atrás, tem que fazer bem feito agora, e por enquanto parece que estão fazendo", comentou ela. "Está melhor do que eu esperava, agora, como legado, vamos ver o que vai acontecer. Mas eu acho que está legal, sim. Eu, a princípio, era contra, tanto a Copa, apesar de gostar de futebol, como a Olimpíada, mas já que a gente se propôs a fazer tem que fazer bem feito. Eu acho que valeu a pena e o Rio está de parabéns, pelo que eu estou vendo aqui hoje", continuou ele. 

Renata Benedicto, 34 anos, atendente de telemarketing, e Thaissa Pereira, 13 anos, contudo, relataram dificuldades na hora de pegar o transporte em S. João de Meriti, Baixada do Rio de Janeiro, na estação em Vicente de Carvalho. De acordo com Renata, as estações do BRT naquela região foram divididas entre o uso regular e para quem iria para as arenas, mas faltou informação. Ela apontou que muitos pegaram a estação errada, sem saber da existência do serviço voltado exclusivamente para a área de competição. 

"Faltou informação no local, para saber qual estação pegar. Muita gente estava reclamando porque pegou a estação errada e teve que pagar de novo", ressaltou Renata, reclamando ainda da falta de informação dentro do veículo. 

A gaúcha Ieda Boschi, 45 anos, enfermeira de formação, e o marido mexicano Gabriel Asbun, 50 anos, engenheiro, moram nos Estados Unidos e vieram ao Rio de Janeiro com os dois filhos -- nascidos em São Paulo -- para curtir a cerimônia de abertura e mais três dias de Jogos. A única queixa da família, nesta segunda-feira aparentemente mais calma, foi ainda com a alimentação. 

Para Ieda, fazendo um balanço destes quatro últimos dias, a alimentação nas arenas deixou a desejar, com as poucas alternativas de alimentação -- "não tem nenhuma opção de comida saudável" -- e poucos atendentes. Gabriel Asbun também reclamou do fato das fichas expirarem no dia seguinte, e também não valerem para diferentes locais. "A ficha que você compra fora [da arena] não pode usar dentro."

A família está hospedada em Copacabana e também não teve problemas para chegar aos locais de competição.

Ieda se emociona ao falar sobre como ficou surpresa com o tamanho e beleza da estrutura das arenas. "Eu fiquei surpresa de ver o tamanho disto aqui", disse ela no Parque Olímpico da Barra, próximo ao Estádio Aquático Olímpico. "Eu estou assim, de alma lavada e quase chorando", ressaltou a brasileira, levantado os óculos escuros para mostrar os olhos. 

Segurança pública na Cidade Olímpica

Ieda também ficou surpresa com o clima na cidade olímpica. Enquanto assistia ao noticiário norte-americano sobre o Rio de Janeiro, tinha resolvido ficar com a família no quarto do hotel, e só sair para assistir os jogos. No primeiro dia, contudo, quando abriu a cortina do quarto do hotel, ficou admirada ao ver que existia tranquilidade lá fora, e pode curtir as praias e caminhar na orla "sem problema nenhum". 

"Vi as pessoas caminhando, correndo na beira da praia e fiquei,'então, vem cá, o Rio não parou, tá tudo bem, está tudo fluindo'. E aí a gente viu que [a cidade] está super bem, um monte de policiamento pra tudo que é lado. Nossa, eu achei o máximo", comentou. "A  gente veio com a preocupação maior da segurança. O que passa em notícia lá fora é só em relação à violência no Brasil, então viemos preparados para ficar dentro do quarto do hotel e não sair", destacou Ieda ao JB.