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Meloni diz que estratégia de segurança de Trump é 'alerta' para Europa

Premiê da Itália fez discurso em evento de seu partido e reiterou apoio à Ucrânia

Por JB INTERNACIONAL
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Publicado em 14/12/2025 às 15:36

Alterado em 14/12/2025 às 15:36

Meloni discursou em evento de seu partido Foto: Ansa

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, classificou neste domingo (14) a nova estratégia de segurança nacional do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como "um sinal de alerta" para a Europa.

Em um evento de seu partido Irmãos da Itália (FdI), Meloni enfatizou que a Europa precisa se organizar e fortalecer sua própria defesa, em vez de depender dos EUA, destacando que a estratégia de Trump indica claramente a intenção de Washington de "se retirar do velho continente".

"Houve comentários muito alarmados porque Trump disse com mais veemência que os EUA pretendem se desvincular e que os europeus devem se organizar para se defender. Bom dia, Europa, durante 80 anos terceirizamos nossa segurança, pensando que esse dia nunca chegaria e que seria gratuito", mas isso teve o preço do "condicionamento", afirmou.

Segundo ela, "a liberdade tem um preço e nós, ao contrário de outros, nunca gostamos de interferência estrangeira, seja de onde for, sempre preferimos a liberdade custosa à servidão muito cara e aparentemente confortável".

Em seu discurso, Meloni também reafirmou o apoio inabalável da Itália à Ucrânia para "alcançar a paz", enfatizando que "a paz não se constrói com canções de John Lennon, mas com dissuasão".

"É por isso que apoiamos a Ucrânia desde o primeiro dia. E é por isso que continuaremos a fazê-lo - por justiça, mas acima de tudo, para proteger nossos interesses e segurança nacionais", acrescentou.

Ao mesmo tempo, a premiê italiana negou que a Europa devesse tolerar "a ideia de que é retratada como inútil e insensível", aludindo às críticas de Trump à política da UE.

Meloni também confirmou a unidade de sua coalizão governista, que permanecerá no poder até o final do mandato, apesar das disputas internas, particularmente em relação à ajuda à Ucrânia.

Ao longo do evento, a primeira-ministra da Itália expressou seu agradecimento ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, destacando seu "corajoso testemunho" e "gentil presença" no evento Atreju.

Segundo a premiê, a visita de Abbas "faz justiça às vergonhosas acusações de cumplicidade em genocídio que uma esquerda constrangedora vem lançando contra nós há meses".

Em seguida, a líder italiana comentou ataques recentes do ativismo ambiental, citando a sueca Greta Thunberg, mas assegurou: "podem ter certeza: ainda estamos do lado certo da história".

No campo da política internacional e da defesa, defendeu a necessidade de fortalecer a capacidade militar da Europa.

"Falamos muito antes de surgirem suspeitas sobre a necessidade de fortalecer nossas capacidades de defesa e segurança", disse.

Ela acrescentou que o país defende uma norma europeia da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) com força e prestígio equivalentes à americana, capaz de engajar-se plenamente com todas as potências mundiais, reforçando o diálogo com os Estados Unidos, mas "entre iguais e não em condições de subordinação".

Em relação à União Europeia, a premiê disse que a Itália busca construir "maiorias alternativas às que nos impuseram escolhas ilusórias nos últimos anos" e que "não podemos ignorar a necessidade de procurar soluções dentro da UE, quer queiramos, quer não".

No âmbito da educação, a primeira-ministra reafirmou seu apoio à lei de consentimento informado para a educação sexual nas escolas, enfatizando que "educar as crianças sobre temas tão sensíveis é dever dos pais; o Estado não pode substituir a família".

Quanto à reforma da justiça, a premiê pediu o apoio da população no referendo, ressaltando a importância da legislação para evitar casos como o de Garlasco e construir "uma nação segura".

Ela também destacou medidas contra o fenômeno Maranza, afirmando que "aqueles que cultivam o ódio não gozam mais de impunidade".

Por fim, concluiu alertando os eleitores para não se deixarem influenciar por críticas políticas: "Governos vêm e vão, mas as leis permanecem e impactam suas vidas. Votem por vocês e por seus filhos". (com Ansa)

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