MUNDO

Cessar-fogo Irã-Israel é mantido; enviado de Trump diz que negociações com o Irã são 'promissoras'

...

Por JB INTERNACIONAL com Reuters
[email protected]

Publicado em 25/06/2025 às 06:42

Alterado em 25/06/2025 às 06:49

Iranianos participaram de protestos para apoiar as Forças Armadas do Irã, depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou o cessar-fogo Foto: Majid Asgaripour/Agência Wana

O cessar-fogo entre Irã e Israel mediado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, parece estar se mantendo nesta quarta-feira (25), um dia depois de ambos os países sinalizarem que sua guerra aérea terminou, pelo menos por enquanto.

Cada lado reivindicou a vitória nessa terça-feira após 12 dias de guerra, à qual os EUA se juntaram com ataques aéreos em apoio a Israel para destruir as instalações de enriquecimento de urânio do Irã.

O enviado de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, disse na noite dessa terça-feira que as negociações entre os Estados Unidos e o Irã são "promissoras" e que Washington está esperançoso por um acordo de paz de longo prazo.

"Já estamos conversando uns com os outros, não apenas diretamente, mas também por meio de interlocutores", disse Witkoff em entrevista ao programa "The Ingraham Angle" da Fox News. "Estamos esperançosos de que possamos ter um acordo de paz de longo prazo que ressuscite o Irã."

A campanha de bombardeio de Israel, lançada com um ataque surpresa em 13 de junho, eliminou o alto escalão da liderança militar do Irã, matou seus principais cientistas nucleares e teve como alvo instalações nucleares e mísseis. O Irã respondeu com mísseis que perfuraram as defesas de Israel em grande número pela primeira vez.

Autoridades iranianas disseram que 610 pessoas foram mortas e quase 5.000 ficaram feridas no Irã, onde a extensão dos danos não pôde ser confirmada de forma independente por causa das rígidas restrições à mídia. Vinte e oito pessoas foram mortas em Israel.

Os Estados Unidos se juntaram dois dias antes do fim da guerra, lançando enormes bombas destruidoras de bunkers em instalações nucleares, incluindo as mais sensíveis enterradas sob uma montanha.

Trump disse que "obliterou" o programa nuclear do Irã, tornando impossível para o Irã fabricar uma bomba atômica, efetivamente varrendo a principal questão de discórdia nas negociações. O Irã sempre negou buscar armas nucleares.

Mas há incerteza sobre até que ponto o programa nuclear do Irã foi de fato danificado. Um relatório inicial da Agência de Inteligência de Defesa do governo dos EUA sugeriu que o dano pode ter sido menos grave do que Trump sugeriu, de acordo com três pessoas familiarizadas com o assunto.

Uma das fontes disse que os estoques de urânio enriquecido do Irã não foram eliminados e seu programa nuclear pode ter sido atrasado em apenas um ou dois meses. A Casa Branca disse que a avaliação de inteligência está "totalmente errada".

O secretário de Estado, Marco Rubio, disse em entrevista que "O resultado final é que eles estão muito mais longe de uma arma nuclear hoje do que antes de o presidente tomar essa ação ousada".

O Parlamento do Irã aprovou um projeto de lei nesta quarta-feira para suspender a cooperação com a agência nuclear da ONU, a AIEA, informou a agência de notícias estatal Nournews, acrescentando que tal medida exigiria a aprovação do principal órgão de segurança.

Cooperar com a AIEA é uma exigência do tratado de não proliferação que dá ao Irã acesso à tecnologia nuclear, desde que se abstenha de buscar uma arma.

TRUMP SE AQUECENDO NA CÚPULA
Ainda assim, presidir o rápido fim da guerra depois de atrasar o programa nuclear do Irã - uma preocupação para o Ocidente há décadas - oferece uma oportunidade para Trump aproveitar o aparente sucesso na frente de outros líderes ocidentais em uma cúpula da Otan em Haia.

Horas depois de Trump anunciar o cessar-fogo, ele reivindicou o crédito por preservá-lo, ordenando que Israel interrompesse novos ataques com seus aviões já em voo. Ele falou um palavrão ao vivo na televisão para dizer que os inimigos estavam lutando há tanto tempo que não sabiam o que estavam fazendo.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que a guerra removeu a ameaça nuclear contra Israel e que estava determinado a frustrar qualquer tentativa de Teerã de reviver seu programa de armas.
"Removemos duas ameaças existenciais imediatas para nós: a ameaça de aniquilação nuclear e a ameaça de aniquilação por 20.000 mísseis balísticos", disse ele.

O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, disse que seu país encerrou com sucesso a guerra no que chamou de "grande vitória".

Pezeshkian também disse ao príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman que Teerã está pronto para resolver as diferenças com os EUA, de acordo com a agência de notícias oficial IRNA.

Durante a guerra, tanto Netanyahu quanto Trump sugeriram publicamente que poderiam terminar com a derrubada de todo o sistema de governo clerical do Irã se seus líderes não cedessem. Israel atacou locais identificados com a repressão interna iraniana, incluindo a prisão de Evin, em Teerã, que abriga prisioneiros políticos.

Mas após o cessar-fogo, Trump disse que não queria ver uma "mudança de regime" no Irã, o que, segundo ele, traria o caos em um momento em que ele queria que a situação se acalmasse.

A guerra acelerou os passos dentro do Irã para escolher um sucessor do líder supremo Ali Khamenei, de 86 anos, com Hassan Khomeini, um proeminente neto reformista do pai da revolução, emergindo como um dos favoritos, de acordo com cinco fontes, uma escolha vista como conciliatória em casa e no exterior.

As autoridades iranianas agiram rapidamente para demonstrar seu controle após uma guerra que revelou que Israel tinha inteligência profunda sobre a localização dos líderes iranianos e, aparentemente, tinha agentes operando em todo o país.

O Irã executou três homens na quarta-feira, condenados por colaborar com a agência de espionagem israelense Mossad e contrabandear equipamentos usados em um assassinato, informou a agência de notícias Mizan, do judiciário iraniano.

O Irã prendeu 700 pessoas acusadas de laços com Israel durante o conflito de 12 dias, informou a agência de notícias Nournews, filiada ao Estado, nesta quarta-feira.

Deixe seu comentário