Harris enfrenta guerra em Gaza e tirania no final da convenção democrata

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, selou a indicação presidencial democrata com um discurso vigoroso, estabelecendo princípios amplos de política externa e fortes contrastes com o rival republicano Donald Trump, faltando 11 semanas para o fim da corrida pela Casa Branca.

Na última noite da Convenção Nacional Democrata de quatro dias, Harris, 59, prometeu ser uma presidente "realista" e "prática" para todos os americanos, enquanto luta contra Trump, 78, em uma campanha acirrada.

"Na luta duradoura entre democracia e tirania, sei onde estou e sei a qual os Estados Unidos pertencem", disse ela nessa quinta-feira (22), acusando Trump de se curvar a ditadores. Ela prometeu apoiar a Otan, a Ucrânia e "enfrentar a agressão de Putin", uma referência ao presidente da Rússia.

Harris emergiu como candidata democrata há pouco mais de um mês, quando aliados do presidente Joe Biden, 81, o forçaram a desistir da corrida.

Foi um discurso contundente para uma candidata que, durante sua breve campanha, ainda não havia articulado grande parte de sua visão para o país. Harris enfrentou uma série de ataques pessoais de Trump, que a chamou de fraca no cenário estrangeiro.

Depois de dias de protestos de apoiadores palestinos que ficaram desapontados por não conseguirem um lugar para falar na convenção, Harris prometeu proteger Israel, trazer os reféns de Gaza para casa e acabar com a guerra no enclave palestino.

"Agora é a hora de fazer um acordo de reféns e um acordo de cessar-fogo", disse ela sob aplausos. "E deixe-me ser clara, sempre defenderei e garantirei o direito de Israel de se defender."

Ela disse que queria acabar com a guerra de uma forma que proporcionasse segurança a Israel e permitisse que o povo palestino realizasse seu direito à autodeterminação.

Harris disse que tomaria todas as medidas necessárias para defender os interesses dos EUA contra o Irã, e que tiranos e ditadores, incluindo Kim Jong Un, da Coreia do Norte, "estão torcendo por Trump".

A PRIMEIRA PRESIDENTE DOS EUA
Se for bem-sucedida, Harris pode fazer história como a primeira mulher eleita presidente dos EUA em 5 de novembro.

Harris traçou uma série de contrastes com Trump, acusando-o de não lutar pela classe média, planejando decretar um aumento de impostos por meio de suas propostas tarifárias e tendo colocado em movimento o fim de um direito constitucional ao aborto com suas escolhas para a Suprema Corte dos EUA.

Harris observou a recente decisão da Suprema Corte sobre a imunidade presidencial e os riscos que isso representaria se Trump ganhasse o poder novamente.

"Imagine Donald Trump sem grades de proteção", disse ela.

Trump, que havia prometido responder ao discurso de Harris em tempo real, postou uma série de mensagens em rede social enquanto ela falava sobre ele, incluindo: "Ela representa incompetência e fraqueza – nosso país está sendo ridicularizado em todo o mundo!" e "Ela nunca será respeitada pelos tiranos do mundo!"

Harris também disse que aprovará um corte de impostos intermediários que beneficiará mais de 100 milhões de americanos, contrastando com a promessa de Trump de reduzir a taxa de imposto corporativo.

Ela discutiu seus planos para lutar pelo direito ao aborto, legislação de direitos de voto, aumentar a oferta de moradias e proibir o que ela chamou de "manipulação de preços" o comércio. Sua campanha também propôs aumentar a alíquota do imposto corporativo de 21% para 28%.

O United Center de Chicago transbordava de energia - e pessoas. Os 23.500 assentos da arena foram preenchidos e a equipe da arena bloqueou brevemente a entrada de mais pessoas nas instalações, dizendo que o corpo de bombeiros da cidade declarou o prédio lotado.

"Conseguimos", disse Harris a apoiadores em uma recepção pós-convenção. "Avante, avance, avance."