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De escravo a Beato da Igreja, a história de Padre Vitor

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Está marcada para o dia 14/11 festa da beatificação de Padre Victor, em Três Pontas (MG). A data foi marcada pelo Vaticano após o reconhecimento de um milagre por sua intercessão. O Milagre, descrito por uma professora e certificado pela comissão para a causa dos santos, dá a Igreja oportunidade de se mergulhar no testemunho de vida do padre que foi escravo e que será venerado como Beato e futuramente Santo.

Francisco de Paula Victor nasceu em Campanha (MG), no dia 12 de abril de 1827, e foi batizado em 20 de abril Era filho da escrava Lourença Maria de Jesus. Quando menino, ainda escravo, foi destinado ao serviço de alfaiate. Sentiu o chamado vocacional e foi ao encontro de Dom Antônio Ferreira Viçoso, bispo de Mariana (MG) em 1848, apresentando seu desejo de ser padre. 

Entrou o seminário de Mariana em 5 de junho de 1849. Como sabemos, em meio ao século XIX a escravidão ainda servia como base do sistema socioeconômico que estrutura as divisões raciais no Brasil. Padre Vitor, supera o racismo enfrentando seus colegas de turma. Já padre é isolado na cidade de Três Pontas, e reconfigura a ação evangelizadora. Foi pároco por 53 anos, fundou a escola "Sagrada Família", visitava doentes, amparava os inválidos, zelava pela infância desvalida, atendia a população em suas necessidades, mudando assim a cara da cidade na qual optou por doar a vida. 

O padre que foi escravo pregou a fé, a esperança, a fortaleza, a prudência, a justiça, a obediência, a castidade, a temperança, a humildade, o temor a Deus e, sobretudo, a caridade. 

O memorial do Padre Victor, em Três Pontas, chega a receber até 10 mil visitas durante os dias de novena do religioso. No local, é possível encontrar vestes litúrgicas usadas pelo padre, objetos de devoção ou utilizados no oficio de sacerdócio pelo religioso, além de uma imagem de Padre Victor.

Padre Francisco de Paula Victor é considerado pelos três pontanos como o seu “Anjo Tutelar”.

* Walmyr Júnior é morador de Marcílio Dias, no conjunto de favelas da Maré, é professor e representante do Coletivo Enegrecer como Conselaheiro Nacional de Juventude (Conjuve). Integra a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ