Contrariando a lógica afirmada pelo colunista da Veja Rodrigo Constantino, o espírito da democracia mais uma vez ocupou os quatros cantos da PUC-Rio. Duas ondas se encontraram nos pilotis da universidade. Uma vermelha, de estudantes que apoiam a candidata à reeleição pelo PT Dilma Rousseff. Com muitos cantos, oficinas de estêncil e cartazes, cirandas e rodas de conversas, os estudantes pró Dilma agitaram a ala esquerda do bloco Kennedy. Cantavam musicas como o tradicional brado petista: “olê, olê, olá, Dilma, Dilma”.
À direta da turma do PT a outra onda, a azul, foi marcada pela alegria e unidade dos estudantes que apoiam o candidato à presidência pelo PSDB, Aécio Neves. Com muitas bandeiras do Brasil e faixas do candidato, os estudantes marcaram presença no bloco Frings e entoavam cantos conclamando: “Brasil pra frente. Aécio presidente”.
O clima foi de polarização política e ideológica, mas não houve confusão. O espírito democrático mudou o dia dos estudantes da universidade católica. Muitos não esperavam que fosse ser tão diferente do que se repercutia nas redes sociais. Falava-se de uma onda da razão, onde os ‘tucanos’ iriam de forma agressiva e violenta para cima dos petistas.
Um depoimento de uma estudante dá um outro tom para as afirmações das redes sociais: “Hoje cheguei na PUC-Rio com um turbilhão de sentimentos e expectativas. Esperava ver minha universidade toda azul e cheia de bandeiras do PSDB. No entanto, muito me surpreendi quando vi tantas pessoas vestindo vermelho ou com adesivos da Dilma, independentemente da cor que vestiam. Acho que o dia de hoje foi importante para mostrar que a PUC-Rio não é toda azul, muito pelo contrário. A PUC é azul, vermelha, amarela… de todas as cores. É muito importante que os alunos tenham essa noção, e que saibam conviver com essa diversidade.” Relatou Julia Rezende, estudante de direito da PUC.
Julia é eleitora da presidenta Dilma e já declarou seu voto: “Meu voto é da presidenta Dilma, pois quero que o Brasil inteiro continue crescendo e progredindo. Quero que todos tenhamos oportunidades; que todos tenhamos acesso à escola, à saúde; que o Brasil cresça junto, não só como economia, mas como uma sociedade. Quero inclusão das minorias, quero direitos iguais para homens e mulheres. Quero um Brasil para todos, quero Dilma presidenta.”
Os estudantes da PUC não comungam da fala agressiva que só reproduz o ódio. Para o estudante Pedro Duarte, “os eventos (ato de apoio ao Aécio e à Dilma) realizados hoje, na PUC-Rio, foram a prova de que o jovem é sim engajado politicamente, com ideal e respeito. Defensores de candidaturas opostas realizaram evento no mesmo horário, em espaços muito próximos, e conseguiram manter tudo na condução mais pacífica possível - mesmo na polarização e tensão que tem marcado a campanha, dividindo o país.”
Pedro é eleitor do senador Aécio Neves e confia seu voto no candidato: “Voto em Aécio Neves porque o considero o mais preparado para reconduzir o país ao crescimento econômico, com estabilidade e responsabilidade social. Sua trajetória também o qualifica, já tendo atestado e comprovado sua capacidade de gerir com eficiência, ética e diálogo. O Brasil precisar mudar, urgentemente, e confio no mineiro para realizar esse trabalho”.
A promoção do discurso de ódio não gera a paz. Os estudantes da PUC de fato buscam o seu bom senso quando sabem dar o exemplo de tolerância e respeito. Os estudantes aqui são muito diferente das abobrinhas faladas por alguns "coxinhas" que se dizem formadores de opinião. As bandeiras do Brasil, a cor azul, vermelha, rosa, preta e tantas outras, combinam muito mais com a cara do povo, com a liberdade e a prosperidade conquistadas pelo suor da nossa gente.
* Walmyr Júnior é professor. Representante do Coletivo Enegrecer no Conselheiro Nacional de Juventude - CONJUVE. Integra Pastoral da Juventude e a Pastoral Universitária da PUC-Rio. Representou a sociedade civil no encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.