Com a
inspiração evangélica retirada da primeira carta de São João versículo 14,
venho partilhar essa força da juventude que garante a tantos irmãos e
irmãs o desejo por viver. Embora muitos jovens vivam em situações precárias,
marginalizados pela violência e miséria, em seus rostos juvenis está a marca da
utopia. Seu desejo de viver é um sinal de promessa, pois ainda que a vida
ofereça diferentes possibilidades, a vitalidade desse indivíduo se torna a
ferramenta da arte de viver.
O jovem necessita de condições favoráveis para o seu pleno desenvolvimento, a fim de que se torne um ser humano maduro em todas as etapas de sua vida. Por isso, as condições de vida física, educacional, profissional, psíquica e espiritual têm aqui um papel relevante.
Um fato que perpassa no contexto juvenil, são as notícias sobre o desemprego no Brasil. Nesta semana foi divulgado as estatísticas da taxa de desemprego apontadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nas seis principais regiões metropolitanas do País. A taxa ficou em 5,6% em julho, ante 6% em junho deste ano e 5,4% em julho do ano passado.
O mercado de trabalho para os jovens brasileiros é marcado por enormes índices de informalidade e de desemprego. Vemos ainda que o déficit é maior entre as mulheres jovens (70,1%) de desempregadas comparado aos homens jovens (65,6%). O índice também é mais acentuado entre jovens negros (74,7%) do que para jovens brancos (59,6%). Já as jovens mulheres negras, portanto, sofrem dupla discriminação: de gênero e de raça.
A partir dessas referências, vemos que a alternativa mais comum é o mercado informal. Conversando com alguns jovens do Complexo da Maré eles informaram que estar no mercado informal é mais rentável que dentro de uma empresa. Ou seja, ganha-se mais trabalhando num lugar sem carteira assinada do que num trabalho formal com todos direitos legais.
Carlos Henrique é morador da Favela Kelson, na Maré, é auxiliar de pedreiro. Batendo um papo sobre trabalho, ele disse que ganha mais do que um professor. Enquanto o salário de um professor concursado na prefeitura do Rio de Janeiro é R$ 1.147,00, ele recebe 3 salários por mês. O Jovem Thiago, moto-taxista da Vila do João, recebe 2 salários e ele mesmo faz seu horário e dias de trabalho. Quando perguntei se ele não queria conquistar um bom emprego e assinar sua carteira, respondeu prontamente: "tá louco, aqui eu sou o patrão".
A informalidade hoje faz parte do cotidiano das favelas da Maré, vai do vendedor de frutas ao serviço do transporte alternativo, como as Vans e kombis. Fabíola Loureiro, estagiária da "Redes da Maré "acredita que o trabalho informal "é uma via de mão dupla, o cara trabalha, ganha um pouco mais no fim do mês (quando vc tem um outro bico) e ajuda quem precisa por exemplo de 2 conduções" além de afirmar que esse tipo de serviço de transporte permite "encurtar as distâncias, chegar mais rápido no local desejado".
Na fala desses jovens a legalidade do serviço informal se caracteriza pela ausência do estado. Fica claro que os avanços na agenda de emprego para a juventude foram importantes, mas as desigualdades regionais, de gênero e de raça permanecem. Acredito que o desafio consiste não apenas em elevar os graus de escolaridade no país ,mas em melhorar a qualidade da educação. Investir pesado nas áreas periféricas, o jovem não tem experiência no mercado de trabalho e fica a mercê de um sub-emprego que paga mal e não valoriza a juventude, cacterizando ele como uma mera mão de obra barata.
O Beato João Paulo II já dizia "Ao se amar o amor humano, surge também a viva necessidade de dedicar todas as forças à busca de um ‘belo amor’. Porque o amor é belo. Os jovens, no fundo, buscam sempre a beleza do amor; querem que seu amor seja belo"
Se não
levarmos em conta que é necessária uma firme atuação de todos os segmentos d a
sociedade no sentido de garantir o
direito dos jovens à vida digna e ao pleno desenvolvimento de suas
potencialidades veremos uma juventude esquecida e desvalorizada. Isso se
desdobra e concretiza no direito à educação, ao trabalho e à renda, à cultura e
ao lazer, à segurança, à assistência social, à saúde e à participação social.