Cuba será a nova sede dos diálogos de paz entre o governo da Colômbia e a guerrilha ELN, depois que o Equador se afastou surpreendentemente das negociações, que visam a encerrar um conflito armado de meio século. As conversas, suspensas em abril, serão retomadas na próxima semana.
"Após examinarmos conjuntamente as opções para retomar os diálogos o mais rapidamente possível, decidimos continuar a quinta rodada na cidade de Havana, a partir da próxima semana", indicaram as partes neste sábado, em comunicado oficial.
"Esperamos ir avançando rapidamente", declarou o presidente Juan Manuel Santos, que deixará o cargo em agosto.
Havana foi sede por quatro anos dos diálogos com as Farc, concluídos em 2016, com a assinatura de um acordo de paz histórico que desarmou e transformou em partido político a poderosa ex-guerrilha comunista.
Tanto o governo colombiano quanto as Farc destacaram as garantias de privacidade oferecidas pela ilha, um dos países garantidores dos diálogos com o ELN.
- "Firme vontade" de paz -
Para o chefe da delegação de paz do governo, Gustavo Bell, o anúncio de retomada das conversas na capital cubana "reitera a firme vontade da mesa de seguir trabalhando por um desenvolvimento da agenda que nos permita assinar um acordo final para encerrar o conflito armado".
O Equador havia acolhido as negociações de Bogotá com o último grupo rebelde da Colômbia desde fevereiro de 2017. No último 18 de abril, o chefe de Estado equatoriano, Lenín Moreno, anunciou que seu país deixaria de sediar as conversas, após ataques e sequestros realizados por dissidentes da ex-guerrilha das Farc em seu território.
Moreno também afirmou que o Equador abandonava sua posição de país garantidor "enquanto o ELN não se comprometesse a deixar de realizar ações terroristas".
O líder da equipe de negociação dos rebeldes, Pablo Beltrán, disse recentemente à AFP que uma das condições para escolher o novo país anfitrião seria que os guerrilheiros tivessem "garantias jurídicas" de não serem extraditados caso algum país, principalmente os Estados Unidos, assim o solicitasse.
- Novo cessar-fogo -
No momento da suspensão, o governo e o ELN negociavam um cessar-fogo bilateral, após o descongelamento do processo, em 15 de abril, depois de uma crise que causou o recrudescimento dos confrontos.
"O trabalho desta quinta rodada seguirá concentrado em alcançar um novo cessar-fogo e o desenho da participação da sociedade, que impulsionem o desenvolvimento da agenda e a possibilidade de se chegar a um Acordo Marco", assinalaram as partes.
O ELN e o governo decretaram em setembro passado um cessar-fogo inédito de três meses (entre outubro e janeiro), mas o diálogo foi colocado em xeque após o fim da trégua por uma arremetida rebelde e uma contraofensiva do governo.
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