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Paolo Gentiloni, um líder discreto para uma esquerda moderada

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O chefe de governo italiano, Paolo Gentiloni, que há um ano ocupou o lugar do extrovertido Matteo Renzi, conquistou a estima nacional com seu estilo discreto e moderado.

O homem da transição, que em dezembro de 2016 foi designado para substituir o líder de centro-esquerda Renzi por poucos meses, emerge agora como um político confiável, sério, leal e reservado, com uma das mais altas taxas de popularidade já alcançadas por um chefe de governo em final de mandato: 43%, segundo as pesquisas.

"O segredo de Paolo é seu método de trabalho", dizem seus assistentes, como contou o jornalista Marco Damilano, ressaltando seu dom para a diplomacia e sua capacidade para ouvir.

"Não é um homem frio, é tranquilo", comentou Renzi, 20 anos mais jovem, ao destacar o temperamento de Gentiloni tão oposto ao seu - agressivo, extrovertido e provocador.

Em um ano no poder, Gentiloni conseguiu a aprovação da nova lei eleitoral e do chamado testamento biológico para uma morte digna, duas promessas importantes, e se apresenta como o homem do diálogo em um país fortemente polarizado.

Ele que foi o ministro das Relações Exteriores de Renzi, de 63 anos, faz parte, desde jovem, da esquerda moderada, oriundo de uma ilustre família de intelectuais e aristocratas.

Apreciado por seus colegas estrangeiros, Gentiloni foi o primeiro-ministro de um país da União Europeia a visitar Cuba (2015) para oferecer ao então presidente Raúl Castro o apoio da Itália para a normalização das relações entre Cuba e Estados Unidos.

Jornalista graduado em Ciência Política, faz parte do grupo fundador do Partido Democrata (PD).

Descendente da família do conde Ottorino Gentiloni, recebeu educação católica, embora tenha militado, quando jovem, no movimento de esquerda maoísta. Em seguida, iniciou uma longa carreira no setor mais moderado da esquerda, como colaborador do então prefeito de Roma, Francesco Rutelli, na década de 1990 e, nos anos 2000, do premiê Romano Prodi, fundador do movimento A Oliveira (L' Ulivo), de quem foi ministro das Comunicações entre 2006 e 2008.

- Intelectual e jornalista -

Nascido e criado em Roma, ele estudou em um conhecido colégio público da capital, trabalhou em várias publicações políticas, entre elas "Pace e Guerra", e foi diretor da publicação mensal "La Nuova Ecología", do movimento ecologista Legambiente.

Nos anos 1990, abandonou a imprensa escrita para ser o porta-voz da prefeitura de Rutelli. Sucessivamente, foi eleito no Parlamento, onde era considerado um especialista em comunicações.

Em 2012, tentou chegar à prefeitura de Roma, mas ficou em terceiro lugar nas primárias. Seus aliados lamentaram a derrota, a qual lhe serviu, porém, para chegar ao cargo de chanceler da Itália, em 2014.

Em nível europeu, defendeu firmemente a política solidária e humanitária da Itália em relação à crise migratória.

Discreto, tímido, com cabelos brancos desde novo, é casado com uma arquiteta e não tem filhos. Segundo a imprensa italiana, é amante da ópera, dos bons vinhos, da leitura e do tênis.