ASSINE
search button

Merkel propõe projeto de coalizão e desativa início de rebelião

Compartilhar

A chanceler alemã Angela Merkel pretende obter nesta segunda-feira a aprovação por seu partido, a CDU (União Democrata-Cristã), para o projeto de governo de coalizão com os social-democratas, depois de desativar um início de rebelião na ala mais à direita da formação conservadora.

Os quase mil delegados da CDU, partido predominante da centro-direita da Alemanha, estavam reunidos desde o início da manhã.

O objetivo principal é confirmar o acordo de coalizão negociado com dificuldades entre a CDU - ao lado de seu aliado CSU - o partido social-democrata SDP. 

O acordo encerrou quatro meses de incertezas na Alemanha, após as legislativas de setembro, que não tiveram um vencedor claro, mas confirmaram o avanço da extrema-direita e uma crescente fragmentação do panorama politico.

Mas o preço político para a chanceler por esta aliança - a única possível pera constituir uma maioria na Câmara - é muito elevado.

Para convencer o reticente SPD, Angela Merkel teve que ceder o ministério das Finanças, considerado pelos conservadores o fiador do rigor orçamentário na Alemanha e na zona do euro.

A ala mais à direita da CDU considerou a concessão um excesso e criticou a guinada centrista, no seu entender, adotada pela chanceler.

Para desativar a revolta desta parte da CDU, Merkel anunciou no domingo que o líder da ala mais à direita do partido, Jens Spahn, será o ministro da Saúde.

"Sua presença deve refletir o fato de que o partido é plural", explicou a chanceler.

Aos 37 anos, Spahn, o opositor interno mais visível de Merkel, afirma que a CDU se tornou "muito social-democrata".

Spahn, que já manifestou sua afinidade ideológica e de geração com o jovem chanceler austríaco Sebastian Kurz, que governa com a extrema-direita em seu país, defende uma política conservadora, especialmente em temas identitários e de imigração.

A mudança de direção foi rejeitada por Merkel, que deseja manter seu partido no centro do tabuleiro político.

Durante o congresso, Merkel pretende nomear como número dois do partido uma de suas aliadas mais leais, Annegret Kramp-Karrenbauer, de 55 anos. 

A designação representaria o início da preparação da era pós-Merkel.

Annegret Kramp-Karrenbauer, católica, que governava até agora o pequeno estado regional de Sarre, tem posições mais conservadoras que as de Merkel.

Mas isto será suficiente para tranquilizar os rebeldes da CDU?

A promoção de Jens Spahn pode revelar-se um presente envenenado, com a obrigação do silêncio pelo dever de reserva imposto aos ministros. 

"É o pior castigo imaginável", ironizou o presidente do partido Alternativa para a Alemanha (AfD, extrema-direita, 13% dos votos nas legislativas de setembro), Jörg Meuthen.  

Os outros cinco possíveis futuros ministros da CDU no governo de Merkel - caso os militantes do SPD aprovem a coalizão - são todos leais a Merkel.