O papa Francisco concluiu neste sábado (2) sua viagem de três dias por Bangladesh, um dos países mais populosos e pobres do mundo, com um encontro com jovens de diversas religiões em um colégio na capital Daca.
No evento, o líder da Igreja Católica convidou os adolescentes a "acolherem e aceitarem aqueles que agem e pensam diferentemente de nós". "É triste quando nos fechamos em nosso pequeno mundo e nos curvamos sobre nós mesmos. Quando um povo, uma religião ou uma sociedade se tornam um pequeno mundo, perdem o que possuem de melhor e caem em uma mentalidade presunçosa, aquela do 'eu sou bom e você é ruim'", disse.
Em Bangladesh, país de 160 milhões de habitantes, o discurso pode ser usado em duas pontas: por um lado, o país vem recebendo nos últimos anos dezenas de milhares de muçulmanos da etnia rohingya em fuga das perseguições no vizinho Myanmar; por outro, é a quarta nação que mais envia migrantes forçados à Itália na rota do Mediterrâneo Central, atrás apenas de Nigéria, Guiné e Costa do Marfim.
"Uma cultura que faz falsas promessas não pode liberar, leva apenas a um egoísmo que enche o coração de obscuridade e amargor. A sabedoria de Deus, no entanto, nos ajuda a saber como acolher e aceitar aqueles que pensam diferentemente de nós", acrescentou Francisco.
Antes do encontro com os jovens, o Papa também havia visitado, durante a manhã, a casa onde a madre Teresa de Calcutá costumava ficar quando estava em Bangladesh e que hoje oferece assistência a milhares de pessoas afetadas por deficiências físicas e mentais.
A viagem de Jorge Bergoglio por Myanmar e Bangladesh durou seis dias e girou em torno da crise rohingya, etnia muçulmana que é alvo de perseguições no primeiro país e busca proteção no segundo. Durante seus eventos públicos e privados, Francisco fez diversos apelos em defesa do acolhimento, embora só tenha citado o nome da minoria explicitamente na última sexta-feira (1º), ao pedir perdão aos rohingyas pela "indiferença do mundo".
O termo é considerado tabu em Myanmar, onde os membros da etnia são chamados de "bengaleses" ou "muçulmanos de Rakhine", região birmanesa onde essa minoria se concentra - o Papa foi aconselhado pelos bispos locais a não usar a palavra "rohingya" em Myanmar.
O líder católico deve desembarcar em Roma por volta de 23h (horário local), após um voo de 11 horas a partir de Daca.