Um anúncio surpreendente do líder do Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão), Christian Lindner, pôs fim às tratativas para formar um novo governo na Alemanha e abriu uma crise sem precedentes para a chanceler Angela Merkel.
"Falta confiança e é melhor não governar assim", disse Lindner nesta segunda-feira (20) aos jornalistas que acompanhavam as negociações em Berlim "Melhor não governar do que governar mal. [O processo] mostrou que os quatro interlocutores não tem um projeto em comum para a modernização do país e não há confiança em uma base comum com a qual se pode imaginar os pressupostos para um governo estável", acrescentou.
O anúncio pegou de surpresa tanto Merkel quanto os outros três participantes da chamada coalizão "Jamaica", por conta das cores dos partidos.
"Nós achávamos que se poderia encontrar o fio que nos levaria a uma solução. Me entristece, com todo o respeito para o FDP, que não tenha sido possível encontrar uma alternativa. A maioria da população teria ficado feliz se encontrássemos uma solução", disse Merkel em um pronunciamento.
Um dos negociadores dos Verdes, Jürgen Trittin, mostrou todo seu choque em uma entrevista à TV "Phoenix".
"Christian Lindner anunciou a falta de confiança entre os partidos. Nós não podemos fazer outra coisa além de ouvir isso. Os Verdes e também a CSU, todos nós, juntos, permanecemos juntos um pouco chocados e indignados", disse Trittin.
Ele ainda afirmou que o acordo, que deveria ter sido encerrado na sexta-feira (17) e que foi prorrogado até este domingo (19), "estava próximo" de fechar um acordo entre todas as partes.
Merkel mantém seu cargo interinamente e irá fazer consultas com o presidente Frank Walter Steinmeier para tomar os próximos passos.
No dia 25 de setembro, os alemães votaram para renovar o Bundestag, o Parlamento alemão. Com isso, o União Democrata Cristã (CDU) de Merkel venceu o pleito, mas precisava fazer uma coalizão para governar o país.
No entanto, o parceiro dos últimos governos, o Partido Socialista, anunciou que estava fora das negociações por conta do péssimo resultado nas urnas. Com isso, Merkel precisou recorrer a mais partidos para conseguir uma maioria no Parlamento.
Agora, uma das possibilidades seria a convocação de novas eleições, o que causaria ainda mais tensão no país e, por consequência, na União Europeia.