Matéria publicada nesta terça-feira (22) pelo The Wall Street Journal conta que o eclético grupo de pessoas que Donald Trump está considerando para sua equipe de política externa mostra que o presidente eleito dos Estados Unidos não tem uma visão de mundo definida — pelo menos não aquela que Washington e os aliados da América estavam acostumados a ver. A questão então passa a ser: isso é uma coisa boa ou ruim? O recém-nomeado assessor de segurança nacional de Trump, o tenente general aposentado Michael Flynn, por exemplo, já ressaltou a necessidade de trabalhar com a Rússia para combater o extremismo islâmico. Enquanto isso, o candidato republicano à presidência em 2012, Mitt Romney, cujo nome vem sendo cotado para secretário de Estado, certa vez classificou a Rússia de “nosso adversário geopolítico número 1” que luta “pelos piores protagonistas do mundo”.
A reportagem do Journal afirma que Trump vem dizendo repetidamente que a guerra no Iraque foi um erro enorme, mas está considerando um importante cargo para o ex-embaixador dos EUA na ONU John Bolton — há muito um defensor convicto daquela guerra. O ex-general David Petraus, que vem sendo considerado para o cargo de secretário da Defesa, trabalhou a vida toda na área de segurança nacional e foi nomeado chefe da agência de inteligência (CIA) pelo presidente Barack Obama. O ex-prefeito de Nova York Rudolph Giuliani, que vem sendo cotado para secretário de Estado, tem uma experiência menor e menos pontos de vista conhecidos sobre a política externa, e é um dos mais duros críticos do governo Obama.
Em suma, trata-se de uma mistura incomum de pessoas leais a Trump com outras que já evitaram seu grupo, opina WSJ. Ela inclui algumas pessoas ligadas ao establishment da política externa e outras que deixam esse mesmo establishment horrorizado.
Há, é claro, alguns temas comuns, acrescenta o Wall Street Journal. O grupo apresenta uma mistura pesada de ex-militares. O general James Mattis, um marine aposentado e ex-comandante supremo das forças armadas americanas no Oriente Médio, é um dos principais candidatos a secretário de Defesa. O grupo também pende em direção àqueles que, como o general Flynn e o deputado federal Mike Pompeo, indicado para comandar a CIA, que defendem uma postura mais dura em relação ao Irã e o combate contra o extremismo islâmico. É claro que neste momento é difícil saber quais desses candidatos são realmente sérios e quais podem ser apenas uma distração, ventilados publicamente para bajulá-los, ou a seus apoiadores. Também é possível que o presidente Trump, assim como o presidente Obama, possa transformar a Casa Branca no centro das decisões de segurança nacional, diminuindo a importância das autoridades de outras partes do sistema.
Mesmo assim, o que é surpreendente nessa mistura é a diversidade de estilos, pontos de vista e experiências — e a falta de uma posição comum em relação ao mundo e suas muitas ameaças, finaliza The Wall Street Journal.