No terceiro aniversário da morte do ex-líder venezuelano Hugo Chávez, vítima de um câncer na região pélvica, a Venezuela passa por um dos momentos mais difíceis de sua história recente, com uma severa crise política e econômica.
O professor da UFABC e autor do livro "A Venezuela que se inventa: poder, petróleo e intriga nos tempos de Chávez", Gilberto Maringoni, explica que, na época da morte do ex-presidente, a crise do petróleo, que derrubou a economia local, já se desenhava.
Ele acredita, no entanto, que com muito mais habilidade política e carisma do que o atual presidente Nicolás Maduro, se Chávez estivesse vivo, a oposição não teria ganhado tanta força, resultando em uma séria crise política.
"A morte de Chávez coincide com o começo de um ciclo, da queda dos preços do petróleo. Desde seu falecimento, o valor da commoditie caiu brutalmente. O impacto para Venezuela foi óbvio; 99% das exportações são de petróleo", diz Maringoni.
Se o preço do barril em julho de 2014 era de mais de US$ 100, hoje está por volta de US$ 32, sem contar que o preço do produto venezuelano é mais barato. A Venezuela tem um mercado interno diminuto, e essa super dependência do petróleo fragiliza ainda mais a economia interna.
"É um país que não produz quase nada e tem dificuldade para importar remédios, bens duráveis e até coisas pequenas como papel higiênico. É uma economia em que os preços estão desarranjados e isso gera um descontentamento absurdo da população", explica o especialista.
A séria crise no setor econômico ainda ajudou a oposição a se fortalecer. "Isso é acrescido pelo fato de Maduro não ter a habilidade política e o carisma de Chávez", lembra Maringoni. Além disso, o professor acredita que a "crise é agravada pela incompetência e má gestão econômica de Maduro". Ou seja, se Chávez estivesse vivo, o setor econômico estaria tão mal quanto agora, mas, provavelmente, não haveria uma crise política deste porte.
Chávez faleceu em 5 de março de 2013, em decorrência de um câncer reincidente na região pélvica. Ele tinha 58 anos. (ANSA)