Grupos ativistas que lutam pelos direitos humanos na Nigéria confirmaram nesta terça-feira (15) o "massacre" de "centenas de xiitas, talvez milhares deles" por parte do Exército do país no último sábado (12).
De acordo com a mídia local, a ação ocorrida em Zaria tinha como alvo o líder do grupo Movimento Islâmico, Ibrahim El-Zakzaky. O jornal nigeriano "Premium Times" informou que a esposa e um dos filhos do líder foram mortos no ataque e que el-Zakzaky ficou ferido.
Dezenas de casas e um templo teriam sido destruídos e testemunhas contam que os militares "simplesmente abriram fogo" contra civis desarmados que estavam na região. Elas informaram que os mortos estavam próximos ao centro de orações e que eles foram "assassinados indiscriminadamente".
No sábado, o governo chegou a se manifestar dizendo que a ação "havia provocado várias mortes", mas não precisou o número de vítimas. As autoridades ainda disseram que o ato era uma resposta a uma tentativa de assassinato de um general. Desde então, não houve mais nenhuma manifestação oficial.
O porta-voz do Movimento Islâmico, Ibrahim Musa, contou ao periódico que "enquanto contamos os nossos mortos, os soldados estão ocupados evacuando os cadáveres para um destino desconhecido". Segundo Musa, há "centenas de feridos" que precisam de auxílio médico, mas que não conseguem porque o Exército impede a saída das pessoas da cidade.
Formado por xiitas e sunitas, o Movimento Islâmico foi fundado em 1980 por Zakzaky e une versões do islamismo pregadas pelas duas correntes. O grupo teve como inspiração a Revolução iraniana e, até hoje, conta com o apoio do governo do Irã.
O país, inclusive, convocou seu embaixador na Nigéria nesta segunda-feira (14) como forma de protestar contra a ação militar. Teerã afirma que o governo nigeriano tem responsabilidade para proteger os xiitas que moram no país.