O jornal Deutsche Welle, de Berlim, publica nesta quarta-feira matéria sobre uma ação cível movida no Brasil contra a Volkswagen, em que ex-funcionários alegam que foram colocados na lista negra e torturados. O processo contra o fabricante de automóveis alemão remonta ao ano de 1985.
Segundo o jornal alemão, ativistas e ex-trabalhadores da Volkswagen disseram à agência de notícias AFP nesta quarta-feira (23/9) que registraram uma queixa contra a montadora alemã sobre o ocorrido há 30 anos.
O relatório final da Comissão da Verdade brasileiro, divulgado em dezembro, acusa as subsidiárias alemãs, incluindo a Volkswagen de colaborar com o regime militar, por volta de 1972.
A ação ajuizada na terça-feira, afirma que 12 ex-funcionários foram presos e torturados na fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo, em São Paulo.
Rose Cardoso, advogada que representa algumas das supostas vítimas, disse que outros trabalhadores foram demitidos e colocados em listas negras utilizadas pelo então regime militar.
Rose Cardoso é um dos vários advogados que coordenaram o trabalho de investigação da Comissão Nacional da Verdade, que foi criada em 2012 pela presidente Dilma Rousseff para investigar crimes durante a ditadura da época de 1964-1985.
Abusos
"A Volkswagen não foi a única empresa envolvida, mas teve um papel de gestão em São Paulo, coordenando outras empresas", disse Sebastião Neto, do Fórum dos Trabalhadores de Verdade, Justiça e Ativismo.
"Eles me levaram algemado para o departamento de pessoal e aí começaram a me torturar", disse Lucio Bellentani, um militante comunista e ex-funcionário da Volkswagen.
A ação brasileira ocorre em meio a um escândalo global nos testes de poluição do ar em motores diesel manipulados pela empresa.