O grupo Taleban rejeitou, nesta segunda-feira (22), o processo eleitoral que designou Ashraf Ghani como sucessor do presidente Hamid Karzai. Além de rebater o processo, acusando-o de "norte-americano", o Taleban afirmou que continuará a Jihad, "pela instauração de um Afeganistão com governo islâmico autêntico." "O processo que portou Ghani ao poder é falso e vergonhoso, não aceito por nenhum afegão", afirmou Zabihullah Mujahid, porta-voz do grupo. "Os Estados Unidos devem reconhecer que esta terra nos pertence, que a política a ser adotada diz respeito aos afegãos e não ao Secretário de Estados dos EUA e seu embaixador", disse Mujahid sobre John Kerry, secretário de Estados norte-americano, que intermediou a negociação para o novo governo.
"Como fizemos no passado, rejeitamos o processo norte-americano e chamamos todos para prosseguirem a Jihad até liberarmos nossa nação desta ocupação e até quando não existirão pressupostos para a constituição de um autêntico governo islâmico."
Mullah é morto e soldados desertam - Na região de Herat, foi morto o mullah Abdul Rahmnam Nika, um dos colaboradores mais próximos de Mullah Omar, o líder do Taleban afegão. A informação foi divulgada pelo Departamento Nacional de Segurança. Na mesma região, dois soldados afegãos morreram em um ataque do Taleban.
Informou o portal de notícias Khaama Press. Segundo informações, durante o combate, 13 soldados do exército do Afeganistão teriam fugido junto com o Taleban, levando armas e bagagem.
Ghani defende a democracia - Em sua primeira declaração após o resultado das eleições, o presidente eleito do Afeganistão, Ashraf Ghani, afirmou, depois do processo eleitoral de três meses, que o "longo processo que levou a minha vitória permitiu o triunfo da democracia no Afeganistão, que pela primeira vez dois presidentes chegam ao poder através do voto", afirmou Ghani, referindo-se ao seu rival Abdullah Abdullah, que mesmo perdendo o segundo turno das eleições, foi empossado como chefe do executivo do futuro governo.
O discurso foi feito no Liceu Isteqlal de Cabul, acompanhado de dezenas de apoiadores, membros do governo, um grupo de dança e centenas de crianças, além do presidente atual, Hamid Karzai.
Além de prometer acabar com o governo paralelo no país, referindo-se ao Taleban, Ghani afirmou que vai cumprir as medidas e projetos divulgados durante a campanha. O presidente eleito também disse querer acabar com a palavra "morte" do dicionário afegão. "Queremos viver, queremos a paz", declarou.
Ghani rebateu a declaração do Taleban, que rejeitou o governo de unidade entre ele e Abdullah. "Estamos empenhados a cumprir as metas estabelecidas com a nação. O governo de unidade nacional não é uma sociedade por ações, é uma divisão de responsabilidades", afirmou. (ANSA)