O Estado Islâmico (EI, ex-Isis) divulgou um vídeo nesta quinta-feira (18) com imagens do refém britânico John Cantlie, jornalista sequestrado em novembro de 2012, na Síria. O vídeo leva como título "Lend Me Your Ears" ("Escute-me") e dura pouco mais de três minutos. Cantlie aparece sentado em uma sala, com os braços apoiados em uma mesa de madeira. O britânico usa o tradicional uniforme laranja que tem sido colocado pelo EI em todos os seus reféns, em uma clara referência às roupas dos detentos da prisão norte-americana de Guantánamo. Nas imagens, Cantlie fala de maneira calma e determinada. Ele relembra quando chegou à Síria para trabalhar como jornalista e seu sequestro pelo EI há dois anos. "Agora as coisas mudaram. Eles [os jihadistas] tomaram o controle de uma larga parte do Iraque a da Síria", disse o refém, aparentemente lendo um texto pré-escrito. "Vocês devem pensar que falo isso porque sou prisioneiro. É verdade, o meu destino está nas mãos do EI, não tenho nada a perder. Talvez eu viva, talvez morra".
Cantlie faz críticas às ações militares tomadas pelos governos ocidentais, sob liderança dos Estados Unidos e do Reino Unido, para combater o avanço dos jihadistas, e também condenou a forma como a imprensa ocidental tem noticiado as ações do EI.
"Depois de duas desastrosas operações no Iraque e no Afeganistão, por que os nossos governos querem se envolver em outro conflito?", questionou o refém.
Cantlie ainda afirmou que os jornais não estão divulgando a situação inteira. "Toda verdade tem dois lados", ressaltou. "Eu vos direi o que move o EI, verdadeiramente. Explicarei o porquê os outros reféns europeus foram libertados. Os outros governos negociaram com o EI, enquanto os Estados Unidos e o Reino Unido, não", disse Cantlie. "Podemos mudar as coisas, mas somente se vocês, a população, quiserem e decidirem agir agora", acrescentou o britânico, pedindo para as pessoas "aguardarem os próximos vídeos". Recentemente, o EI divulgou vídeos com decapitação de um refém britânico e de dois norte-americanos, o que gerou repúdio nos EUA e no Reino Unido. O grupo, que antes era chamado de Estado Islâmico do Iraque e do Levante (Isis), quer estabelecer um califado sunita em territórios iraquianos e sírios. Para isso, adota métodos controversos, como sequestros, mutilações e decapitações. As ações do EI têm sido a maior preocupação da Casa Branca nos últimos meses. Há uma semana, porém, o presidente Barack Obama anunciou um plano de três fases para interromper o avanço dos extremistas. Esse plano prevê bombardeios aéreos na Síria e no Iraque, além de apoio aos exércitos e populações locais. (ANSA)