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'La Stampa': alianças e intrigas na eleição do papa

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O jornalista Marco Tosatti, autor de um blog sobre o Vaticano no jornal 'La Stampa', mostra as alianças e intrigas que cercam a escolha do sucessor de Bento XVI. Segundo ele, apesar da nota seca e curta divulgada pela Secretaria de Estado criticando a interferência da opinião pública nos assuntos da Igreja, temos que levar em consideração que na história dos últimos conclaves sempre houve golpes baixos, confrontos e conchavos, que muito provavelmente hoje receberiam a mesma atenção da imprensa.

"A vítima de uma operação deste tipo foi o cardeal Giuseppe Siri, em 1978, durante o conclave que elegeu João Paulo II. A candidatura de Siri  parecia invencível. Ele era considerado um conservador e se comparava à figura de Benelli, de Florência, a quem a esquerda via com bons olhos. Também o cardeal Stefan Wyszyski, primaz da Polônia,  pensava en Siri.", diz Tosatti.

Mas, segundo ele, no dia 14 de outubro, a poucas horas do início do conclave, o jornal 'Gazzetta del Lunedì', publicou uma entevista  com Siri, em que atacava algumas reformas do Concílio. O cardeal tinha pedido que a entrevista só fosse publicada quando os eleitores já se encontrassem dentro da Capela SistinaOs cardeais viram a publicação e Siri perdeu a eleição que parecia certa.

Quando João XXIII morreu, aconteceu algo diferente. Uma reunião secreta, no dia 18 de junho de 1963, ocorreu no convento dos capuchinhos de Frascati. Eram cardeais progressistas, convocados pelo cardeal Clemente Micara, amigo do cardeal Giovanni Battista Montini,  arcebispo de Milão e o candidato mais forte. Participaram da reunião, entre outros, Achille Liénart, Bernard Jan Alfrink, Paul-Émile Léger, Franz König, Léon-Joseph Suenens e Joseph Frings. 

Os progressistas temiam um conclave difícil e, por isso, deram aquele passo. que sem ser formalmente criticado, podia parecer como um arranjo. Os cardeais decidiram que Montini seria o o candidato. E assim foi eleito Paulo VI.

Ainda de acordo com o jornalista, a disputa de votos no conclave é legítima, como foi o caso de Roncalli, que disputou com o cardeal armênio Agagianian, em 1958. João XXIII, quando visitou o Colégio Armênio de Roma disse: "sabiam que o vosso cardeal e eu estávamos empatados no conclave de outubro passado?  Nossos nomes competiam parelhos".