Na manhã de segunda-feira, 11 de fevereiro eu pensei, olhando pela janela do meu estúdio, na antiga abadia beneditina, na neve que caiu sobre as oliveiras, ciprestes, loureiros: Isso não era - para toda a Igreja, e muito menos para mim - um dia como outro qualquer... De repente, o telefone celular toca... Foi minha esposa, confusa: "Na tela da TV apareceu uma inscrição - diz que o Papa anunciou a sua renúncia" - assim começa artigo publicado no Corriere della Sera desta segunda-feira (18), assinada pelo articulista Vittorio Messori.
O autor prossegue: confesso que no início eu pensei que era brincadeira de hackers que haviam inserido nas ondas do rádio. Eu não estava sozinho em dúvida: nesse momento, nos cinco continentes, 117 cardeais, incluindo aqueles mais próximos a Bento XVI, ficaram incrédulos com a perspectiva de ter em breve que participar de um conclave. Por que falar sobre isso? Por uma concessão ao testemunho pessoal? Eu mesmo fiquei impressionado com o imediato tsunami da mídia global esmagadora causado por algumas palavras latinas lidas de surpresa, em voz baixa, como se fossem de rotina, a partir de um velho, cercado por outros homens de idade, em um ainda mais antigo e inacessível salão Vaticano.
Quando você clica na lista de "favoritos" no site dos maiores jornais do mundo, constato a proeminência extraordinária dada ao Papa pela demissão de seu cargo, modulada em cada língua. É nesses casos que se manifesta um paradoxo singular: a diminuição progressiva no local por décadas, o número de católicos praticantes (pelo menos no Ocidente) e a influência da política social e moral da Igreja Romana parece corresponder a um interesse crescente. A imagem, embora muitas vezes deformada da “Catholica et Apostólicas” fascina ou inquieta a imaginação da humanidade. E a sua cabeça vestida de branco é a única autoridade moral ouvida em qualquer lugar e em toda parte: aceitar ou recusar, amar ou odiar, conclui Vittorio Messori em seu artigo.