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Receosos com a economia do país, argentinos guardam dinheiro no colchão

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Apesar de, em outubro do ano passado, o governo Cristina Kirchner ter dificultado a compra de dólares como forma de evitar a evasão de divisas, boa parte da população da Argentina tem deixado suas economias fora do sistema financeiro local. Segundo matéria publicada esta semana pelo periódico El País, o número de argentinos que procuraram bancos uruguaios para fazer depósitos na moeda americana foi o maior desde 2001. Na ocasião, uma crise econômica levou o país ao colapso e culminou na renúncia do então presidente Fernando de La Rua.

A busca da segurança no exterior, no entanto, não é acessível para todos. Assim, são muitos os que optam por uma alternativa bastante antiga para guardar o dinheiro: o colchão. De acordo com estimativas do Indec (Instituto Nacional de Estatísticas e Censos), mais de US$ 140 bilhões estão nos chamados "colchón bank" (colchão banco). 

São muitas as histórias folclóricas envolvendo pessoas e suas mirabolantes estratégias para esconder suas riquezas. Há relatos de famílias que se mudaram e esqueceram verdadeiras fortunas enterradas no chão da sala, dentro de televisores, em armários e até mesmo em panelas. Se são verdadeiras ou não, ninguém sabe. Mas a violência, esta sim real, contra os "poupadores" tem aumentado e é motivo de preocupação.

No início de marça, Nora Centeno, militante das Madres de Plaza de Mayo, foi assaltada e golpeada violentamente por homens que invadiram sua casa na cidade de La Plata.  Ela foi amarrou e arrastada até o quintal de sua casa. "Neste momento lhes disse que era uma Madre de Plaza de Mayo e pedi que não me batessem mais, mas se irritaram mais ainda, me deram uma coronhada e me arrastaram de novo até a casa porque disseram que teu inha 500 pesos guardados”, contou à época.

Os ataques mais violentos acontecem justamente com os idosos. "Eles não aceitam perder algo pelo qual trabalharam a vida inteira. Nós, jovens, não temos esse mesmo sentimento e sofremos menos agressões", conta um jovem habitante de Buenos Aires, que não quis se identificar. Seu pai, um homem sem muitas posses, foi espancado várias vezes.