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Pentágono divulgará fotos de tortura

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Jornal do Brasil

WASHINGTON - O governo do presidente americano, Barack Obama, vai liberar centenas de fotografias mostrando abusos de prisioneiros cometidos por soldados americanos no Iraque e no Afeganistão durante a administração de George Bush, informou ontem o Departamento de Defesa do país.

A princípio, 44 fotos referentes a mais de 60 investigações realizadas entre 2001 e 2006 devem ser divulgadas no dia 28 de maio, em resposta a uma ação legal iniciada pelo grupo de defesa dos direitos civis, União Americana das Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês), há cinco anos, amparada

na lei da liberdade de informação. Uma carta do Departamento

de Justiça americano à Corte

Federal afirma ainda que um número substancial de outras imagens estão sendo processadas para divulgação.

O advogado do ACLU, Amrit Singh afirma que as polêmicas imagens mostrando abusos de prisioneiros na prisão iraquiana de Abu Ghraib, divulgadas em 2004, não eram casos isolados, mas sim parte de uma política sistemática. A organização vinha tentando há anos ter acesso a tais fotografias, mas enfrentou resistência do governo Bush, que negou a divulgação das imagens argumentando que alimentaria o escândalo e violaria as obrigações dos EUA com os prisioneiros, segundo as Convenções de Genebra.

Divulgação

Na semana passada, o governo americano divulgou relatórios do governo Bush detalhando táticas autorizadas de interrogatório consideradas tortura. As táticas foram usadas durante interrogatórios de suspeitos de terrorismo durante a gestão de Bush.

No documento, a agência descreve os efeitos de, por exemplo, simular afogamento do interrogado, dar tapas no rosto e na barriga, proibi-lo de dormir e obrigá-lo a ficar em posições desconfortáveis por diversas horas.

Em inquérito, o Senado americano concluiu que em 2002, a então secretária de Estado Condoleezza Rice se encarregou, pessoalmente, de garantir a aprovação do uso da técnica de afogamento simulado o chamado waterboarding contra o suposto terrorista da rede Al Qaeda, Abu Zubaydah.

Em visita à CIA no início da semana, Obama havia dito que iria se empenhar para proteger a identidade de funcionários da agência envolvidos nos interrogatórios, já que eles estavam seguindo ordens e teriam recebido autorização legal para realizar tais atos.

Especialistas sugerem que a recusa de Obama a uma investigação mais profunda e a condenação de agentes pode prejudicar sua imagem diante de um tema tão polêmico. Por outro lado, o presidente poderá perder apoio dos republicanos ao aprofundar um caso que envolve assuntos legais e constitucionais complicados, além de influentes nomes do governo anterior.