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QUARTEL CAMP LEJEUNE - O presidente Barack Obama anunciou na sexta-feira a retirada das forças de combate do Iraque dentro de 18 meses, e apresentou uma nova estratégia que prioriza a diplomacia e o envolvimento com inimigos como Irã e Síria.
Encerrar a guerra do Iraque permitirá a Obama ampliar o contingente no Afeganistão, que ele declarou ser a frente principal na luta dos EUA contra o terrorismo. Ajudará também a controlar o explosivo déficit público, previsto neste ano para 1,3 trilhão de dólares.
- Estamos deixando o Iraque para o seu povo, e começamos o trabalho de acabar com esta guerra - disse Obama, quase seis anos depois de as forças dos EUA derrubarem o regime de Saddam Hussein, numa busca por armas de destruição em massa que afinal não foram encontradas.
A guerra foi enormemente custosa para os EUA e marcou o governo de George W. Bush. Resultou na morte de 4.250 militares norte-americanos e abalou a imagem externa do país.
- Escolhi um cronograma que irá remover nossas brigadas de combate ao longo dos próximos 18 meses. Deixem-me dizer isso o mais claramente que eu puder: até 31 de agosto de 2010, nossa missão de combate no Iraque irá terminar - disse Obama, diante de esparsos aplausos da plateia de cerca de 2.000 marines no quartel Camp Lejeune, na Carolina do Norte.
Obama disse que entre 35 mil e 50 mil soldados permanecerão no Iraque para treinar as forças locais, proteger os projetos civis de reconstrução e realizar operações limitadas de contraterrorismo.
Ele salientou a intenção de retirar todas as tropas até o final de 2011, conforme um acordo entre Washington e Bagdá no ano passado, e, dirigindo-se diretamente ao povo iraquiano, disse que os EUA 'não reivindicam o seu território nem os seus recursos'.
O secretário de Defesa, Robert Gates, disse ser favorável a uma presença militar modesta dos EUA para ajudar as forças do Iraque, mesmo após 2011, desde que Bagdá solicite.
- Minha opinião é de que deveríamos estar preparados para ter uma presença modestíssima para treiná-los e ajudá-los com seu novo equipamento, e fornecendo talvez apoio de inteligência - declarou ele a jornalistas.
Obama disse que Washington perseguirá uma estratégia diplomática regional, ajudará a reassentar milhões de iraquianos expulsos pela violência e tentará ajudar as lideranças locais a resolver questões políticas que dividem o país.
- Os Estados Unidos irão buscar um engajamento com princípios e sustentável com todas as nações da região, e isso incluirá Irã e Síria - disse.
Washington acusa Irã e Síria de interferirem nos assuntos internos do Iraque, acusação que o governo local nega. O governo Bush tentou dialogar com o Irã sobre a estabilização do Iraque, mas acusações mútuas prejudicaram o processo.
Obama disse que a retirada de tropas passa 'um claro sinal de que o futuro do Iraque agora está sob sua própria responsabilidade'.
- Não podemos sustentar indefinidamente um compromisso que sobrecarregou nossos militares e irá custar ao povo norte-americano quase 1 trilhão de dólares - acrescentou.