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BAGDÁ - Militantes bombardearam a Zona Verde de Bagdá com foguetes no domingo, aproveitando a pouca visibilidade causada por uma tempestade de areia para lançar um dos ataques mais pesados em várias semanas contra o complexo fortificado.
Os ataques aparentemente desafiaram um chamado por cessar-fogo lançado na sexta-feira pelo clérigo xiita Moqtada al Sadr, em função do qual muitos dos seguidores armados e mascarados do clérigo deixaram as ruas da favela de Sadr City, na zona leste de Bagdá, que eles dominam.
Correspondentes da Reuters ouviram os mísseis passando no ar e explodindo dentro do complexo fortificado na margem ocidental do rio Tigre, que abriga instalações governamentais e diplomáticas. Sirenes tocaram, avisando às pessoas para buscarem abrigo.
A polícia iraquiana disse que oito mísseis ou morteiros atingiram a Zona Verde e outros 14 caíram em outros pontos da capital iraquiana, deixando dois mortos e 20 feridos.
Um porta-voz da embaixada americana, Armand Cucciniello, disse:
- A Zona Verde foi atingida por várias cargas de IDF (fogo indireto), mas não posso dizer mais que isso.
Milicianos dispararam 700 mísseis e morteiros nos últimos 30 dias, mas as forças americanas tinham dito que acreditavam ter reduzido a capacidade dos combatentes de atingir a Zona Verde, com a ocupação de parte de Sadr City mais próxima do complexo diplomático.
Em casos de disparos de mísseis, as forças americanas normalmente reagem rapidamente com ataques de helicópteros, mas isso não é possível durante uma tempestade de poeira.
As forças americanas informaram ter matado seis militantes em ataques aéreos em Sadr City antes de o tempo piorar, durante a tarde. A polícia iraquiana e fontes de hospitais disseram que dez pessoas foram mortas e mais de 40 feridas durante a noite na favela.
- Quero ressaltar que não foram choques 'violentos', pelo menos não segundo nossa definição. Não foram enfrentamentos armados prolongados - disse o porta-voz militar dos EUA, tenente-coronel Steven Stover.
- Os ataques têm continuado, mas em número menor.
COMBATENTES DEIXAM AS RUAS
Em Sadr City, segundo repórteres da Reuters, os combatentes usando máscaras negras que patrulham as ruas há meses vinham mantendo perfil mais discreto, em resposta ao chamado de Sadr para que observassem uma trégua.
- Esta manhã, os americanos entraram a pé, vindos da área de Jamila. Poderíamos tê-los atingido, mas temos ordens de defender a cidade contra os ocupantes, mas não dentro da cidade - disse Abu Jassim, comandante de rua do Exército Mehdi. Fora de Sadr City, um repórter da Reuters viu combatentes plantando uma bomba numa rua.
O enfrentamento entre o governo e os combatentes de Sadr começou há um mês, quando o primeiro-ministro xiita Nuri al Maliki lançou uma operação de repressão na cidade de Basra.
Apesar dos reveses iniciais, a campanha de Basra vem sendo em grande medida bem sucedida. Tropas do governo tomaram o controle de bairros antes vistos como redutos da milícia.