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Vaticano recebeu mil denúncias de abusos sexuais em 2019

REUTERS/Yara Nardi -
Papa Francisco
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O departamento do Vaticano responsável por registrar denúncias de abusos sexuais cometidos por membros do clero no mundo todo recebeu o número recorde de mil queixas ao longo do ano de 2019.

O balanço foi apresentado pelo diretor da Seção Disciplinar da Congregação para a Doutrina da Fé, John Joseph Kennedy, em entrevista à agência AP, ressaltando que o número recorde de denúncias "sobrecarregou" os funcionários da entidade.

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Papa Francisco (Foto: REUTERS/Yara Nardi)

"Eles trabalharam sete dias por semana", comentou. As mil denúncias representam quase quatro vezes mais do registrado há 10 anos. "Estamos, efetivamente, assistindo a um tsunami de casos, principalmente de países dos quais nunca tínhamos ouvido falar", disse Kennedy. De acordo com o diretor, Argentina, México, Chile, Itália, Polônia e Estados Unidos foram os países com o maior número de denúncias neste ano.

"Suponho que, se eu não fosse padre, e se eu tivesse um filho que foi maltratado, provavelmente eu pararia de comparecer à missa", comentou. "Mas o Vaticano está empenhado em combater os abusos e só precisa de tempo para examinar todos os casos. Examinaremos do ponto de vista forense e garantiremos o resultado justo. Não se trata de reconquistar o público, porque a fé é uma coisa muito pessoal. Daremos apenas a chance das pessoas dizer: 'podemos dar uma segunda chance à Igreja para escutar a mensagem'", defendeu Kennedy.

Nesta sexta-feira (20), o papa Francisco se reuniu no Vaticano com o secretário-geral das Nações Unidas, o português Antonio Guterres, com quem gravou uma mensagem em vídeo fazendo um apelo contra os abusos. "Não podemos, e nem devemos, virar as costas para as injustiças, para as desigualdades, para a fome no mundo, para a pobreza, para os meninos que morrerem porque não têm acesso à água, à comida, às curas necessárias. O mesmo empenho deve ser tido diante de qualquer abuso dos menores", diz um trecho da mensagem.

"Devemos, todos juntos, combater essa praga", ressaltou o Papa. O vídeo tem duração de cerca de oito minutos e defende o multilateralismo. Nas imagens, Francisco e Guterres também falam sobre imigração.(Ansa)