Um protesto em defesa da Amazônia e contra as políticas ambientais do governo Bolsonaro lotou a praça Luís de Camoes, vizinha ao consulado do Brasil em Lisboa, na tarde desta segunda-feira (26).
A manifestação reuniu mais de mil pessoas no centro da capital portuguesa. Na noite de sexta-feira (24), uma vigília contra a destruição da floresta já havia reunido mais de uma centena de participantes em outro ponto da cidade.
Com gritos de ordem e cartazes contra o presidente Jair Bolsonaro, muitos dos presentes pediam sanções à carne bovina brasileira e a suspensão das negociações do acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul.
Além de muitos portugueses e brasileiros, o ato atraiu ainda muitos turistas de outras nacionalidades. Ao se depararem com os manifestantes e sua batucada em um dos pontos mais importantes do centro histórico lisboeta, muitos viajantes "aderiram à causa" e até improvisaram cartazes de apoio.
Acostumado a acompanhar com regularidade a situação política brasileira, o escritor José Eduardo Agualusa fez duras críticas à atual política ambiental brasileira.
"A crise na Amazônia é um problema mundial. Não é de esquerda ou de direita", disse.
"Esta catástrofe era absolutamente previsível, mas é algo que vai sair pela culatra. Vai começar a haver boicotes e o agronegócio vai perder", completa.
Pela primeira vez em um protesto pela causa ambiental, a estudante portuguesa Ana Costa, 18, criticou Jair Bolsonaro.
"A Amazônia é uma questão global, mas nos afeta de maneira especial porque o Brasil é nosso país-irmão. É assustador o vosso presidente", disse.
Morador de Lisboa, o inglês Peter Coville concorda. "É algo importante para todos nós. São os 'pulmões do planeta'. Vivemos uma emergência climática", avalia.
Com o país às vésperas de uma eleição legislativa, marcada para outubro, a manifestação atraiu também políticos lusos, como a deputada Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda e pré-candidata ao cargo de primeira-ministra.
PORTUGAL CONTRA SANÇÕES
Em declarações à agência Lusa, o primeiro-ministro português, o socialista António Costa, afirmou ser contra a imposição de sanções ao Brasil por conta da situação na Amazônia.
Embora tenha destacado a importância da Amazônia como "patrimônio da humanidade", o premiê disse que o Brasil precisa "é de solidariedade, não precisa de sanções".
António Costa também diz que a atual situação não deveria afetar o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia.
"Não devemos confundir o drama que está a ser vivido neste momento na Amazônia com aquilo que é um acordo comercial, muito importante, e que levou mais de 20 anos a ser negociado", completou. (Giuliana Miranda/FolhaPress)