ASSINE
search button

Navio de caridade diz que segurança de migrantes aguardando desembarque na Itália está em risco

Compartilhar

Uma instituição de caridade que opera um navio de resgate carregando mais de centenas de migrantes na costa da Itália disse, neste sábado, que não pode garantir a segurança deles, depois de o barco passar mais de duas semanas aguardando um porto para atracar.

Os migrantes, coletados na costa da Líbia e em sua maioria africanos, estão esperando para desembarcar na ilha de Lampedusa, no sul da Itália.

O ministro do Interior de extrema-direita da Itália, Matteo Salvini, ordenou que seus oficiais não permitam que eles façam isso, embora, no sábado, tenha feito uma concessão parcial, dizendo que permitiria que qualquer criança deixasse o barco. Acrescentou que havia concordado com essa medida apenas graças à insistência do primeiro-ministro Giuseppe Conte.

A ONG Braços Abertos, que tem sede em Barcelona, afirmou que 27 menores que haviam sido autorizados a deixar o navio desembarcando em barcos da guarda costeira italiana. Restam 107 imigrantes no navio.

A Braços Abertos afirmou que os 16 dias esperando por um porto para desembarcar afetaram os imigrantes, com brigas frequentes entre eles e condições a bordo deteriorando-se.

“Após… seis evacuações médicas e tendo informado as autoridades sobre nossa situação, sem receber uma resposta, estamos em uma situação de necessidade e não podemos garantir a segurança das 134 pessoas a bordo”, disse o Braços Abertos.

“São terríveis as coisas que estão acontecendo, não apenas fisicamente, mas psicologicamente. As condições nas quais eles estavam na Líbia e agora no navio são simplesmente terríveis, com 130 pessoas e dois banheiros”, disse o diretor e fundador do Braços Abertos, à Reuters, na sexta-feira.

França, Alemanha, Romênia, Portugal, Espanha e Luxemburgo disseram que ajudarão a realocar os imigrantes, mas as reações de Salvini foram céticas.

O ministro do Interior emitiu um comunicado, no sábado, reiterando que o Braços Abertos poderia ter levado os imigrantes à Espanha e que a entidade era a culpada pela situação difícil. Mas acrescentou que agora estava disposto a permitir que “presumíveis menores” deixassem o barco.

Salvini, líder do partido governista Liga, construiu sua popularidade em uma campanha vigorosa contra a imigração ilegal.

Conte, que não é membro de nenhum partido governista, acusou-o de deslealdade e de usar a imigração para ganhou políticos, enquanto o parlamento, até agora, recusou-se a discutir uma proposta de não-confiança em relação ao governo apresentada pela Liga.