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Relator da OEA diz que Bolsonaro fere liberdade de imprensa

Uruguaio Edison Lanza criticou declarações sobre Glenn Greenwald

REUTERS/Adriano Machado -
Presidente Jair Bolsonaro
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(ANSA) - O relator especial para a liberdade de expressão da Organização dos Estados Americanos (OEA), o advogado uruguaio Edison Lanza, fez duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro por suas declarações sobre o jornalista Glenn Greenwald, cujo site, o Intercept Brasil, tem divulgado conversas do ministro da Justiça, Sergio Moro, com procuradores da Operação Lava Jato. No último final de semana, o mandatário brasileiro negou que uma portaria editada pelo Ministério da Justiça para agilizar deportações tenha o jornalista americano como alvo e afirmou que ele "pode pegar uma cana aqui no Brasil".

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Presidente Jair Bolsonaro (Foto: REUTERS/Adriano Machado)

"O presidente do Brasil lamentavelmente parece ter se esquecido da Constituição e de tratados internacionais sobre liberdade de expressão dos quais o Brasil é signatário", afirmou Lanza ao site da BBC News Brasil. Segundo o relator especial, Bolsonaro "adota uma lógica que lamentavelmente antes seguiam os presidentes como (Hugo) Chávez (Venezuela) e (Rafael) Correa". "Bolsonaro foi eleito com um discurso de liberdade de expressão e imprensa, mas o abandona rapidamente quando algo o incomoda.

Não vejo diferença em relação ao comportamento de Chávez e Correa na América Latina", acrescentou o relator da OEA à publicação.

Na entrevista, Lanza ainda ressalta que ao fazer comentários irônicos sobre a orientação sexual de Greenwald, Bolsonaro faz "um ataque discriminatório" e incita "um comportamento de perseguição" ao jornalista e à imprensa.

"O trabalho do presidente é prevenir riscos, e não aumentá-los.

Este é um discurso realmente perigoso, que desagrada e gera novas expressões de ódio. O direito à liberdade de expressão não permite que se desobedeça a direitos fundamentais para se extremar a polarização, especialmente às custas de um grupo que historicamente é discriminado", avaliou.

Lanza ainda destacou que, com essas atitudes, o presidente brasileiro desobedece pelo menos dois tratados internacionais dos quais o país é signatário. (ANSA)

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