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Tropas de comandante rebelde líbio avançam em direção a Trípoli

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As forças do Exército Nacional da Líbia (ANL), leais ao homem que controla o leste do país, marechal Khalifa Haftar, estão a apenas 27 km da capital, Trípoli, sede do governo reconhecido pela autoridade internacional, constatou a AFP.

O comandante de operações militares do ANL na região oeste do país, general Abdesalem al Hassi, confirmou à AFP que suas forças assumiram, sem lutar, o controle de um posto de segurança a essa distância.

Ao menos 15 caminhonetes com metralhadoras pesadas e dezenas de homens com uniformes militares tomaram o "Posto 27" de controle.

A Força de Proteção de Trípoli, uma coalizão de grupos locais, anunciou em sua página no Facebook uma operação para conter o avanço do ANL, sem dar detalhes.

O chefe do governo em Trípoli, Fayez al Sarraj, condenou a "escalada" promovida por Haftar e ordenou que suas forças se preparem para "enfrentar todas as ameaças".

O secretário-geral da ONU, António Guterres, em visita à Líbia, manifestou-se "vivamente preocupado" pelo "risco de enfrentamento" armado, em um país em caos desde a queda do ditador Muammar Kadhafi, em 2011.

"Chegou a hora", disse o marechal em mensagem de áudio na página do Facebook de seu Exército Nacional Líbio (ANL).

O ANL deve "limpar o oeste" da Líbia, inclusive a capital Trípoli, de "terroristas e mercenários", havia anunciado o marechal rebelde na véspera.

Devido à escalada, o Reino Unido pediu uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU sobre a Líbia, informaram fontes diplomáticas. A reunião deve ocorrer na sexta-feira.

Mais cedo, Estados Unidos, França, Reino Unido e Emirados Árabes haviam pedido a todas as partes envolvidas na Líbia uma desescalada das tensões, depois que o marechal líbio ordenou o avanço de suas tropas.

"Neste momento delicado da transição na Líbia, a postura militar e as ameaças de ações unilaterais só fazem aumentar o risco de que a Líbia volte a mergulhar no caos", indicaram os governos destes países em um comunicado difundido pelo Departamento de Estado em Washington.

Poderosos grupos armados da cidade de Misrata, que estão a caminho de Trípoli, e que são leais ao governo de união nacional (GNA), se declararam "dispostos" a frear o avanço das tropas de Khalifa.

O ministério do Interior do GNA decretou "estado de alerta máximo" e ordenou a todos os seus órgãos e unidades de segurança "enfrentar com força e firmeza qualquer tentativa de ameaça contra a segurança da capital".

Duas autoridades disputam há anos o poder na Líbia: no oeste do país o GNA, estabelecido no final de 2015, mediante um acordo patrocinado pela ONU e com sede em Trípoli, e no leste, a autoridade rival do Exército Nacional Líbio (ANL), do marechal Haftar.

Os combatentes de Misrata "estão dispostos a (...) frear o maldito avanço" das forças do marechal rebelde, informou um comunicado cuja veracidade foi confirmada à AFP pelo chefe do Conselho Militar de Misrata, general Ibrahim Ben Rajab.

Os soldados, diz o texto, pediram ao líder do GNA, o primeiro-ministro Fayez Al Sarraj, que dê "ordens imediatas" aos comandantes das forças da região ocidental "para enfrentar este rebelde".

"Se (Sarraj) se abstiver de fazê-lo imediatamente (...), será suspeito de cumplicidade com Haftar, acrescentaram estas forças pró-governamentais.

Segundo testemunhas presenciais e fontes militares, um comboio do ANL chegou à cidade de Gharyan, a 100 quilômetros de Trípoli.

O general Hassi assegurou à AFP que suas tropas entraram sem dar um tiro em Gharyan.

Mas pelo menos quatro fontes no interior da cidade negaram esta afirmação e uma autoridade local explicou que estava negociando "para evitar um confronto" entre as milícias rivais que dividem a cidade.

O ANL se impôs como um ator-chave no complexo cenário militar líbio.

Em janeiro, já tinha lançado uma ofensiva contra o sul da Líbia com o propósito de limpar esta zona, rica em hidrocarbonetos, de "terroristas" e criminosos.

Haftar e Sarraj acordaram no ano passado realizar eleições gerais, que acabaram não acontecendo.

Guterres, que se reuniu com Al Sarraj em Trípoli, fez um apelo "à calma e à prudência".

Não existe "uma solução militar", reafirmou. "Só o diálogo inter-líbio pode resolver os problemas líbios".

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