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Reunião da ONU por tratado de paz espacial termina sem consenso

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Os diálogos que buscavam estabelecer as bases para um tratado de prevenção da corrida armamentista no espaço sob a orientação da ONU em Genebra foram encerrados sem consenso nesta sexta-feira, em um novo tropeço da diplomacia mundial em relação ao desarmamento.

Durante duas semanas, representantes de 25 países, entre eles China, Rússia e Estados Unidos, tentaram estabelecer as diretrizes para um tratado para garantir a paz no espaço.

Os diplomatas que se reuniram com o chamado Grupo Governamental de Especialistas não alcançaram um consenso em torno de uma série de recomendações, afirmou o embaixador brasileiro Guilherme de Aguiar Patriota, que presidiu a Conferência das Nações Unidas sobre Desarmamento.

"Não alcançamos convergências", disse Patriota, acrescentando que o objetivo talvez fosse "muito ambicioso".

"Estamos trabalhando com temas muito difíceis por envolver muita sensibilidade em torno desses assuntos", acrescentou.

A diplomacia para o desarmamento encontra-se estagnada há mais de uma década.

A Rússia e a China respaldaram posições que buscam prevenir o deslocamento de materiais militares no espaço.

Os Estados Unidos, antes mesmo da eleição do presidente Donald Trump, rechaçaram este ponto de vista usando como justificativa a dificuldade de fiscalizar os materiais militares enviados ao espaço e indicaram que preferem uma abordagem mais centrada na proibição de certas condutas agressivas.

Além da falta de consenso em torno do conteúdo de um possível tratado, as reunião foram realizadas em meio ao péssimo clima reinante em relação ao desarmamento, evidenciado pela decisão americana emitida há duas semanas de denunciar o crucial acordo que tinha com a Rússia sobre armas nucleares.

O Pentágono tem planos para uma nova "Força Espacial", segundo o desejo de Trump, que declarou que o espaço é um "domínio de combate de guerra".

Enquanto avançavam as conversas nesta semana, a Índia destruiu um satélite com um míssil, mostrando que entrou na exclusiva lista de nações com poderes espaciais.

O embaixador brasileiro afirmou que o teste realizado pela Índia reforça a necessidade de um tipo de tratado, ao lembrar que "lançar um objeto no espaço não está expressamente proibido" pela lei internacional em vigor.

A ação indiana afeta a argumentação atual "de que o regime existente é suficiente", acrescentou.

Apesar da ação da Índia, os líderes dos poderes espaciais mundiais "não estão muito abertos a dar passos importantes" em direção a um tratado.

Patriota também destacou ao fim desta série de encontros que não há planos imediatos para novas reuniões sobre o tema e minimizou a falta de acordo ao afirmar que "foi uma grande discussão" que pode ser um marco para elaborar um futuro tratado.

bs/nl/bp/eg/pb/lca