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Partido pró-junta lidera eleições legislativas na Tailândia

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O partido da junta militar tailandesa liderava os resultados das eleições legislativas deste domingo, as primeiras desde o golpe de Estado de 2014, deixando os militares mais próximos de conservar o poder às custas do campo monárquico pró-democracia.

Com 90% dos votos apurados, o Palang Pracharat, o partido da junta, tinha 7,3 milhões de votos (de um total de 50 milhões), enquanto o principal partido da oposição, o Pheu Thai, registrava 6,8 milhões.

As eleições aconteceram sob as novas regras redigidas pela própria junta para suavizar sua conversão em governo civil. Apesar disso, os analistas não esperavam a vitória do partido em número de votos, dada a popularidade do Pheu Thai, partido do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra.

Há vários anos a Tailândia está profundamente dividida entre grupos favoráveis à influente família Shinawatra (chamados de "vermelhos") e uma elite conservadora alinhada com o exército (os "amarelos"), que se considera a única garantia da estabilidade e de proteção da monarquia.

A Comissão Eleitoral informou que os resultados definitivos serão divulgados na segunda-feira.

Mais de sete milhões de novos eleitores, com idades entre 18 e 25 anos, estavam registrados para votar e o pleito contava com novos partidos, com o o Future Forward, do bilionário Thanathorn Juangroongruangkit.

No sábado, o rei da Tailândia, Rama X (Maha Vajiralongkorn), que quase nunca fala em público, pediu "apoio às pessoas corretas para evitar o caos".

Ele usou as mesmas palavras que seu pai, Bhumibol Adulyadej, adorado pelos tailandeses e falecido em 2016, usou em 1969.

A mensagem de Rama X, que tem grande influência no país, foi divulgada diversas vezes na televisão antes da abertura dos centros eleitorais.

Neste domingo, os eleitores compareceram em peso às urnas.

As eleições representam uma disputa entre os que apoiam a junta militar e os que desejam mais democracia.

As novas regras eleitorais limitam a possibilidade de que apenas um partido conquiste ampla maioria no Parlamento, o que provoca o temor de uma eventual paralisação.

Prayut Chan-O-Cha, o comandante da junta, dispõe da Constituição, aprovada em 2016, que dá aos militares o poder de nomear os 250 membros do Senado.

Por isto, basta que o Phalang Pracharat, partido pró-junta, conquiste 126 cadeiras das 500 na Câmara de Representantes para conservar o controle do país.

Os outros movimentos políticos teriam que conquistar 376 cadeiras para conseguir governar o país.

O partido Pheu Thai, próximo aos "camisas vermelhas", precisava de um grande apoio nas zonas rurais e pobres do norte e nordeste do país.

Os partidos ligados aos "vermelhos" venceram todas as eleições desde 2011, mas agora não dispõem de suas duas figuras emblemáticas: Thaksin Shinawatra, derrubado em 2006 e no exílio, e sua irmã Yingluck, afastada do poder em 2014.

Também foi um duro golpe para o clã Shinawatra a dissolução, em fevereiro pela Corte Constitucional, do partido Thai Raksat Chart, ligado à família.

Seus líderes foram condenados a passar 10 anos afastados da vida política depois que foram declarados culpados de atos "hostis à monarquia" quando apresentaram a irmã do rei, a princesa Ubolratana, como candidata ao cargo de primeira-ministra.