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Chefe da ONUaids deixará cargo por gestão de caso de agressão sexual

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Em meio a críticas, o chefe da ONUaids, o maliense Michel Sidibé, disse nesta quinta-feira (13) que deixará o cargo em junho, após a publicação de um informe comprometedor sobre sua gestão de uma queixa interna por agressão sexual.

A saída, seis meses antes do fim do mandato, representa uma concessão da parte do diretor executivo desta agência, criada em 1994 pelas Nações Unidas para coordenar os programas de luta contra a aids.

A agência Unaids atravessa a pior crise de sua história desde a apresentação de um processo por agressão sexual contra o ex-chefe adjunto da agência, o brasileiro Luiz Loures.

Sidibé "expressou seu desejo de começar o processo de transferência da direção da ONUaids durante o último ano de seu mandato. Informou ao Conselho de administração (...) que vai pôr fim a suas funções em junho de 2019", indicou a porta-voz da agência Sophie Barton-Knott em um e-mail à AFP.

O mandato do diretor executivo, no cargo há nove anos, terminaria em janeiro de 2020.

O Conselho de Coordenação do Programa (CCP), uma espécie de Conselho de administração da Unaids presidido pelo Reino Unido, está reunido desde terça-feira em Genebra para examinar o informe de um grupo de especialistas independentes encarregados de investigar as acusações de assédio, inclusive sexual, no Secretariado da agência.

E suas conclusões, publicadas na semana passada, são comprometedoras para Sidibé, acusado de não ter "assumido suas responsabilidades ante uma cultura de impunidade" e de buscar o "culto da personalidade".

A Suécia, importante contribuinte para o orçamento da Unaids, também aderiu às críticas dos ativistas esta semana ao pedir sua saída.

"Não temos nenhuma confiança nele, deve renunciar agora", declarou a ministra de Cooperação e Desenvolvimento internacional, Isabella Lovin, ao jornal Svenska Dagbladet.

A associação Code Blue, membro da plataforma Aids Free World (Mundo sem Aids), que revelou os abusos dentro na Unaids, considerou nesta quinta-feira que não destituir Sidibé equivale a uma "falta de liderança" da parte do secretário-geral da ONU, António Guterres.

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