Um procurador da Arábia Saudita admitiu nesta quinta-feira (25) que o homicídio do jornalista Jamal Khashoggi, ocorrido no consulado do país em Istambul, na Turquia, foi "premeditado".
A declaração contradiz a versão oficial divulgada anteriormente por Riad, que havia dito que Khashoggi morrera após uma "briga corporal" na representação consular.
Em entrevista à agência estatal "Saudi Press", o procurador-geral Saud al Mojeb confirmou que investigadores concluíram que o jornalista foi morto em um crime premeditado, após terem tido acesso a provas apresentadas pela Turquia.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, veio a público na última quarta (24) para denunciar que o assassinato de Khashoggi foi um crime "político" planejado durante dias por agentes sauditas. O repórter desapareceu no último dia 2 de outubro, após visitar o consulado para retirar documentos de divórcio.
Dissidente da monarquia saudita, Khashoggi teria sido torturado e esquartejado por agentes de Riad, mas seu corpo ainda não foi encontrado. O crime aumentou a pressão sobre o príncipe regente Mohammad bin Salman (Mbs), que é suspeito de ter ordenado o homicídio enquanto tenta emplacar uma imagem de reformista.
MbS presidiu nesta quinta a primeira reunião de uma comissão encarregada de reformular os serviços secretos de Riad, em uma tentativa de se descolar do assassinato e de conter os danos à imagem do país. Governada por uma monarquia absolutista, a Arábia Saudita é a principal aliada dos Estados Unidos na região.