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Síntese da Conjuntura - A palavra do presidente

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Em pronunciamento no 33º Congresso Nacional de Sindicatos do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, realizado em João Pessoa (PB) no dia 24 de maio, que reuniu mais de 1.400 presidentes de sindicatos, o Presidente da CNC, Antonio Oliveira Santos, conclamou os empresários do comércio a apoiar os nossos parlamentares nos Estados para que as reformas aconteçam e enfatizou a importância da participação da iniciativa privada na solução dos problemas brasileiros. “Aqui estão empresários dando um exemplo de união que no momento presente é fundamental. Estamos vivendo um conjunto de crises, e isso resulta em uma questão não só de segurança, mas também de esperança”, disse o Presidente da CNC, para ressaltar que são os empresários que mantêm a força de trabalho, além de dar escoamento à produção nacional em diversas áreas. “É o comércio que transforma o trabalho de toda a sociedade em consumo”, complementou.

O presidente da CNC destacou também que esse 33º Congresso representa uma oportunidade para o debate e a construção de propostas que fortaleçam a necessidade de mudança. “Estamos buscando soluções para a questão previdenciária e para a questão trabalhista, para tornar mais viável a relação de trabalho entre empregadores e trabalhadores”.

INDIGNAÇÃO

O Brasil atravessa, na conjuntura atual, a pior crise política-econômica de nossa História. Pessoas e partidos políticos inteiramente dissociados do interesse nacional aparelharam o Estado para furtar. Ocuparam os cargos públicos mais importantes na Petrobras, Eletrobras, BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica e muitos outros, para se apropriarem dos recursos nacionais, como tem sido apurado nas investigações da Lava Jato.

O Governo Temer, após a queda do Governo Dilma, deu início a um processo de desaparelhamento do Estado e adoção de um programa de medidas saneadoras, capaz de reverter o quadro de depressão econômica e desemprego.

Em pouco tempo, tivemos uma sinalização positiva de que o PIB nacional estaria se recuperando, os setores produtivos da indústria, agricultura e o comércio de bens e serviços pouco a pouco também recuperavam a confiança e davam os primeiros passos para sair da crise.

Medidas adequadas foram adotadas e democraticamente submetidas ao Congresso Nacional.

Aí, a grande surpresa: as forças subjacentes de uma esquerda ultrapassada e impatriótica se uniram contra o interesse nacional, em defesa de seus interesses partidários e corporativos, provocando uma reação absurda e inconsequente.

A baderna que assistimos em Brasília e no Rio de Janeiro teve um correspondente espetáculo triste e vergonhoso na Câmara dos Deputados e no Senado, uma acintosa demonstração de despreparo e falta de cultura política.

As pessoas de bom senso e de sentimento patriótico estão estarrecidas e envergonhadas.

SOLUÇÃO POLÍTICA

A nosso ver, o Presidente Temer já não tem mais apoio político para aprovar as medidas necessárias ao reequilíbrio fiscal e, muito menos, para continuar governando.

Nesse caso, a saída é o julgamento pelo TSE, juntamente com a ex-Presidente Dilma, em função da campanha eleitoral de 2014.

Se houver condenação, o Presidente Temer é afastado e o processo eleitoral passa à Câmara dos Deputados, para promover nova eleição, por via indireta, ou seja, a votação dos senadores e deputados. Ao que tudo indica, esse é um caminho para a pacificação política e, por certo, uma saída da crise.

ATIVIDADES ECONÔMICAS

A drástica mudança no ambiente político adicionou um elevado grau de incerteza às perspectivas econômicas do Brasil, com impacto imprevisível sobre o preço dos ativos e o nível de atividade. Essa mudança certamente afetará o encaminhamento das reformas relacionadas ao ajuste fiscal e ao combate à crise econômica.

A Intenção de Consumo das Famílias aumentou 11% em maio, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Esta foi a terceira variação positiva consecutiva do indicador.

O Índice de Confiança de Serviços (ICS) subiu 0,5 ponto em maio e chegou a 84,7 pontos, recuperando parte da queda de abril (-1,1 ponto). Das 13 atividades pesquisadas no setor de serviços, apenas cinco acompanharam o movimento de alta.

PIB e Investimentos

Após a maior recessão da História, a economia brasileira começa a dar sinais de que o pior já está sendo superado. Nas contas do BC, o País cresceu 1,12% no primeiro trimestre deste ano, graças ao bom desempenho da agricultura. Apesar da surpresa positiva, destaca-se que a retomada do crescimento dependerá, porém, da aprovação da reforma da Previdência e da definição do cenário político.

Indústria

A Petrobras reduziu sua previsão de investimentos em 2017 para US$ 17 bilhões, ante os US$ 20 bilhões previstos em março, enquanto implanta um programa rígido de redução de custos.

Diante de restrições financeiras, a Petrobras anunciou que exercerá o direito de preferência em apenas 3 dos 8 prospectos que serão ofertados em outubro, nos dois leilões do pré-sal, sob regime de partilha.

As distribuidoras de aço enfrentam um momento bastante difícil, pressionadas entre um mercado encolhido e perdas da participação de mercado. As vendas de aço em abril recuaram 13% na rede de distribuição na comparação com o mesmo mês do ano passado.

Símbolo de um Brasil que marcou o crescimento dos anos 70, o setor naval entrou em colapso. De um conjunto de 40 estaleiros instalados no País, 12 estão totalmente parados e o restante está operando bem abaixo da capacidade.

O aumento da confiança da indústria continua sendo puxado por uma melhora das expectativas, sem uma reação mais consistente dos indicadores que refletem o momento atual das empresas – o nível de ociosidade e os estoques.

Comércio

O Icec firmou-se na avaliação positiva, atingindo 103 pontos em maio. Na passagem de abril para maio, o Índice aumentou 2,7%, na série com ajuste sazonal, com altas generalizadas em todos os itens da pesquisa.

O volume do setor de serviços acumulou queda de 2,3% em março em relação a fevereiro. O número é o pior resultado para o mês de março, interrompendo uma sequência de quatro meses de crescimento.

O varejo registrou mais um mês de perdas em março. A queda nas vendas alcançou 1,9% em relação a fevereiro, tendo sido o pior desempenho em 14 anos. Além disso, as incertezas impostas pela nova crise política que atingiu o Governo devem retardar a retomada das vendas. A expectativa do setor é fechar o ano com retração.

Por outro lado, o comércio registrou aumento de 2% nas vendas que aconteceram no Dia das Mães, após dois anos seguidos de queda.

Agricultura

O desempenho do setor agropecuário será o principal responsável pelo crescimento esperado para o PIB do primeiro trimestre deste ano, mas as boas notícias vindas do campo não devem ficar restritas a esses três meses iniciais. A expectativa é que fatores como o clima e a baixa base de comparação em relação a 2016 continuem dando frutos até dezembro, fazendo com que a produção agrícola cresça 6%, na pior das estimativas até agora.

O Brasil deverá colher 45,56 milhões de sacas de café na safra 2017/2018, segundo a Conab. Se confirmado, o volume será 11,3% inferior à safra 2016/17, quando a produção foi prejudicada por escassez de chuvas no Espírito Santo.

Mercado de Trabalho

 A crise política que eclodiu com a delação da JBS pode pôr a perder os primeiros sinais de recuperação do mercado de trabalho. O Caged registrou em abril a criação de 59,8 mil postos de trabalho no melhor mês desde 2014.

A corrida pela retomada do emprego no Brasil é liderada com folga pelas cidades do interior. 95,8% dos postos de trabalho gerados em abril, em nove dos maiores Estados brasileiros, vieram do interior.

A taxa de desemprego atingiu patamar recorde em 25 unidades da Federação no primeiro trimestre de 2017, segundo a Pnad Contínua. A taxa chegou a 13,7% no período, representando 14,2 milhões de desempregados.

A inflação comportada garantiu em abril o terceiro mês consecutivo de ganho real aos reajustes salariais negociados em acordos e convenções coletivas no País.

Sistema Financeiro

As operações de crédito no sistema financeiro continuam em queda. No ano, até abril, caíram 1,1%, acumulando em 12 meses queda de 2,2%, sendo 3,2% de perda nos bancos privados e 1,5% nos bancos públicos.

Com custos mais controlados e aumento das exportações, a Petrobras registrou no primeiro trimestre um lucro líquido de R$ 4,449 bilhões. O resultado reverteu o prejuízo de R$ 1,246 bilhão do primeiro trimestre de 2016.

O BNDES liberou em abril R$6,319 bilhões para empréstimos já aprovados, queda de 14% em relação a igual mês do ano passado. Nos quatro primeiros meses do ano, foram desembolsados R$ 21,443 bilhões, 19% menos que no primeiro quadrimestre de 2016.

O BNDESpar e a Caixa Econômica Federal amargam perdas bilionárias em suas participações na JBS. De 31 de dezembro até 23 de maio, a participação do BNDESpar perdeu R$2,8 bilhões em valor de mercado e a Caixa encolheu R$ 647,4 milhões.

Inflação

Pela primeira vez em quase dez anos, a prévia da inflação oficial ficou abaixo de 4% no acumulado em 12 meses. O IPCA-15 encerrou maio em 3,77%.

O Presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmou que o ritmo de corte de juros, de um ponto percentual, implementado na última reunião do Copom, quando a taxa Selic caiu para 11,25% ao ano. Na reunião de 31 de maio, o Copom promoveu nova redução de 1%, para 10,25%.

Setor Público

O Governo está tentando cancelar o resultado da votação realizada pela Comissão que aprovou no Congresso alterações na medida provisória que cria o Programa de Regularização Tributária (PRT), popularmente conhecido de Refis. As mudanças feitas por deputados e senadores, em relação à proposta original, podem gerar uma perda de arrecadação de cerca de R$ 23 bilhões.

O plenário do Senado Federal aprovou o projeto de socorro aos Estados em calamidade financeira. O programa permite que Estados nessa situação deixem de pagar a dívida com a União e com os bancos estatais por três anos, mas para usufruir do benefício, é preciso que seja feito um ajuste fiscal rigoroso: com privatização de estatais e congelamento de salários de servidores.

Em mais um indício de recuperação da economia, a arrecadação de impostos e contribuições federais mostrou uma ligeira reação em abril e somou R$ 118,047 bilhões, um aumento real de 2,27% em relação ao mesmo mês de 2016. Na comparação com março desse ano, houve uma alta de 19,08%.

As contas do setor público consolidado, que englobam o Governo federal, os Estados, Municípios e as empresas estatais, registraram um superávit primário de R$ 12,9 bilhões em abril. Este foi o melhor resultado para meses de abril desde 2015.

Setor Externo

As exportações brasileiras de petróleo superaram, no início deste ano, a barreira de 1 milhão de barris diários por mês, pela primeira vez desde dezembro de 2010, quando alcançaram 1,27 milhão de barris/dia.

O ingresso de capital externo para atividades de infraestrutura no Brasil cresceu mais de 500% no primeiro quadrimestre deste ano na comparação com o mesmo período de 2016, atingindo a marca de US$ 11,4 bilhões.

Anunciado há dois anos, durante a visita do presidente da China, Xi Jinping, ao Brasil, o fundo binacional para financiar empreendimentos no Brasil começa a funcionar em 1º de junho. Mas, em vez dos US$ 50 bilhões prometidos à época, o valor inicial será de US$ 20 bilhões.

A Opep decidiu prorrogar os cortes na produção de petróleo até março de 2018, com vistas a recuperar a queda de preços.

No cenário internacional, o crescimento da economia dos países desenvolvidos desacelerou significativamente nos três primeiros meses de 2017, refletindo o fraco início de ano dos Estados Unidos, Reino Unido e França.

O Japão registrou sua mais longa sequência de crescimento sustentado em mais de uma década. O crescimento do primeiro trimestre de 2017 chegou a 2,2% anualizados, marcando cinco trimestres seguidos de expansão do PIB.

Na Venezuela, o cenário econômico é preocupante, pois enquanto a dívida pública aumenta, a margem de manobra do Governo está se tornando cada vez menor em razão da queda do preço do petróleo. A probabilidade de que o País não honre seus compromissos é de 87%, nos próximos cinco anos.