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Este 2012 é ano de festa, mas não porque o fim do mundo está próximo, como algumas pessoas pregam mundo afora (aliás, bate na madeira três vezes daí que a gente bate daqui). É neste ano que Gilberto Gil e Caetano Veloso completam 70 anos e assopram velinhas em uma comemoração regada a boa música.
Atenção para o dresscode que está no convite da festa de arromba: roupas amplas, confortáveis, estampadas, coloridas, acessórios mil (de preferência, com materias e tramas naturais, daqueles que a gente encontra fácil, fácil na Feira Hippie de Ipanema) e uma boa e velha sandália rasteira para fechar o look. Referências de Woodstock? Não, caro amigo que exagera um tanto nas influências internacionais. Estamos falando do Movimento Tropicalista, capitaneado pelos aniversariantes do ano e que nos deu Os Mutantes, Tom Zé, o Cinema Novo, belíssimas músicas e rendeu alguns anos de exílio aos seus seguidores.
Mas não precisa entrar na máquina do tempo e fugir até o finalzinho dos anos 60 para curtir o clima da Tropicália. É só passear um pouco pelas ruas do Rio de Janeiro reparando nas elaboradas produções dos que aqui vivem, assim como faz o pessoal do RIOetc, que fotografa e exibe os looks e o estilo de vida dos cariocas no site homônimo, criado há quatro anos, e nos dois livros publicados que enfeitam a nossa estante. São eles que nos emprestam as fotos para este Mini Guia de Moda Tropicalista Carioca. Afinal, quem consegue traduzir melhor em fotos a alma encantadora das nossas ruas do que o time comandado por Tiago Petrik e Renata Abranchs?
Talvez só os biquínis, sungas e bermudões sejam mais característicos do estilo carioca do que as sandálias rasteiras - ou rasteirinhas, como nós, íntimos dela, preferimos chamar. Elas já foram simples tiras de couro fixas a um solado sem salto, mas ganharam spikes, tachas, bordados mil, amarrações inusitadas e são quase onipresentes em nossas calçadas de pedras portuguesas. Confortáveis, fresquinhas, estilosas e, se bater aquela vontade incontrolável de pisar na areia, saem rapidinho dos pés.
As jeans skinny são a atual preferência mundial, mas o coração dos cariocas devotos do conforto é das calças beeeem amplas. Pantalona, boca de sino ou flare (como dizem os que adoram um neologismo), elas não apertam, não incomodam e ainda oferecem um ótimo espaço para deixar um ventinho refrescante circular. Está vendo como Gil parece nem se importar com o calor na foto resgatada nas ondas da internet?
Para simplificar o entendimento, as batas são as calças pantalona que vestem o tronco: amplas, fresquinhas, confortáveis, deixam o ventinho circular e ainda disfarçam os pneuzinhos que resistem às sessões de drenagem linfática. Palavra que melhor as define: liberdade.
'Quando tudo parecer sem graça demais, escolha um colar, pulseira, anel ou bolsa que te faça sorrir'. Esse deveria ser um dos lemas dos tropicalistas, que amavam misturar miçangas, metais, tecidos e tramas naturais. Sabe a 'arm party' (a junção de várias pulseiras dos mais diversos materiais) e os maxicolares que são febre ao redor do globo? Já eram queridos pelos seguidores da Tropicália há quase 50 anos. O quê? Você não tem uma pulseirinha ou colar como os clicados pelo RIOetc? Ao invés de chorar, aproveita que hoje é domingo, dá um pulinho na Feira Hippie de Ipanema e volte para casa cantando "Caminhando contra o vento, sem lenço, sem documento..."