Marcelo Melo e Bruno Soares defenderão o Brasil nas Olimpíadas do Rio de Janeiro. Como previsto, o novo melhor duplista do mundo confirmou que reeditará a parceria com o conterrâneo mineiro para buscar a medalha inédita na modalidade. Os tenistas, que se conhecem desde a infância, já atuaram como uma equipe no circuito profissional em 2010 e 2011, mas, desde então, só entram em quadra juntos para defender as cores verde e amarelo, como na Copa Davis e nos Jogos Olímpicos.
"Tivemos excelentes resultados dessa maneira. Tirando a Davis de Florianópolis (Brasil perdeu para a Croácia em setembro), havíamos somado várias vitórias seguidas. A gente administra isso muito bem, pois nos conhecemos desde os cinco anos de idade e jogamos juntos do juvenil até o profissional. Vamos sentar e montar o calendário dos torneios que disputaremos juntos esse ano, visando a preparação para as Olimpíadas, para não deixar dúvidas de que queremos jogar juntos", afirmou Melo, que parou nas quartas de final em Londres 2012 ao lado do velho conhecido.
A união, contudo, se limitará a esses torneios disputados por seleções, uma vez que, no circuito profissional, Melo continuará atuando com o croata Ivan Dodig - justamente algoz dos brasileiro em Santa Catarina. Soares, por sua vez, vai estrear ao lado do britânico Jamie Murray, irmão mais velho de Andy, após pôr fim à parceria com o austríaco Alexander Peya.
Melo teve uma temporada brilhante em 2015. Conquistou 17 triunfos consecutivos e venceu seis torneios com três parceiros diferentes, inclusive Roland Garros, primeiro Grand Slam de sua carreira, conquistado com Dodig. Os feitos levaram Girafa, como é conhecido por ter 2,03m de altura, a tornar-se líder do ranking das duplas, desbancar a hegemonia dos irmãos Bryan e garantir vaga no seleto rol de brasileiros que atingiram o topo do tênis mundial, composto por Maria Esther Bueno e Gustavo Kuerten.
O atleta de Belo Horizonte terá muitos pontos a defender na ATP para manter-se no topo no próximo ano, mas garante que os Jogos do Rio 2016, ao lado do compatriota e diante da torcida, serão a prioridade máxima. “Vou focar nos Grand Slams, mas o principal objetivo, realmente, são as Olimpíadas, especialmente por estar jogando no Brasil. É uma oportunidade única para qualquer atleta, ainda mais em casa", explicou.
O pensamento de priorizar o Rio não se restringe só aos atletas brasileiros. Amigo do sérvio Novak Djokovic, Melo revelou a empolgação do número 1 e de outros integrantes da lista de melhores do mundo ante a proximidade da competição.
"Já tive conversas com Djokovic e Wawrinka, e não estou mentindo, a cada três ou quatro dias eles me fazem perguntas sobre isso. 'E as Olimpíadas? As quadras já estão prontas? Como estão? Onde eu posso ficar?'. Até para eles é a prioridade máxima. Para nós, com certeza, vai ser mais ainda", avaliou o tenista, que pretende viajar à capital carioca em breve para conhecer o complexo do Centro Olímpico de Tênis, na Barra da Tijuca.
Outro aspecto bastante indagado pela elite do tênis é a hospitalidade do povo brasileiro. De acordo com Melo, Dodig relatou a recepção calorosa em Florianópolis durante a disputa da Copa Davis e encheu os olhos dos estrangeiros. "Geralmente quando termina jogo da Davis e a equipe ganha fora ou perde em casa, a torcida geralmente não gosta muito. Aqui foi diferente. Todos respeitaram muito bem o Ivan, todos aplaudiram ele demais, reconhecendo o que ele faz e o que a gente faz juntos. E esse carinho passa para os outros jogadores lá fora, eles comentam entre eles, estão sempre perguntando", contou o mineiro.
Para atingir o objetivo de subir ao pódio, Melo e Soares pretendem se empenhar na preparação, dando continuidade aos treinos físicos em conjunto e disputando juntos alguns torneios menores para "ajustar detalhes que podem fazer diferença na hora do jogo". Acostumado a revezar os parceiros devido às esporádicas participações de Dodig na chave simples, Melo não se preocupa com o fato de não atuar como dupla de Soares ao longo do ano, e adota uma postura maleável para que a parceria funcione.
"Já venho tendo parceiros diferentes há algum tempo, especialmente depois que comecei a jogar com o Ivan, já que ele também participa de alguns torneios de simples. Por isso, acabo me adaptando a eles. Também joguei e conquistei títulos com o sul-africano Raven Klaseen e o polonês Lucasz Kubot, e eles têm estilos de jogo bem diferentes um do outro. Minha filosofia é que eu tenho que ceder um pouco mais e me adaptar a eles, assim como farei com Bruno. É um dos segredos para conquistarmos a medalha inédita", concluiu.