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Diretoria do Santos diz que Ganso não queria vestir a camisa do clube 

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Em comunicado oficial em seu site, o Santos explicou a venda de Paulo Henrique Ganso para o São Paulo, concretizada na madrugada desta sexta-feira na Vila Belmiro. Em 14 tópicos, o clube falou sobre o imbróglio jurídico com o grupo de investimento DIS, disse que Ganso é uma página virada em sua história e grifou o que considerou fundamental para a liberação: "o inequívoco desejo do atleta de não mais vestir nossa camisa".

Confira a nota na íntegra:

Em respeito a seus conselheiros, associados e torcedores, o Santos FC vem a público anunciar que Paulo Henrique Ganso não é mais atleta do Clube.

Considerando que:

1. O Santos FC fez diversas tentativas para manter o atleta Paulo Henrique Ganso na Vila Belmiro, incluindo proposta de Plano de Carreira e ofertas de aumento em sua remuneração, todas recusadas pelo jogador, conforme documentos em posse da direção do Clube;

2. O atleta, inclusive por meio de seus procuradores, manifestou inequívoco desejo de deixar de vestir a nossa camisa, culminando com sua inadvertida ausência do CT Rei Pelé desde o dia 14 de setembro passado, à revelia da Comissão Técnica, o que levou o Clube a descontar os dias de falta ao trabalho;

3- O São Paulo FC apresentou sucessivas propostas ao Santos FC para aquisição dos direitos federativos do atleta, insistentemente rechaçadas, culminando com oferta de R$ 23.940.000,00 à vista, valor correspondente à participação em direitos econômicos que o Santos teria para uma transação no mercado nacional;

4. O Santos FC está acionando a empresa DIS no Judiciário, com respaldo em parecer de jurista gabaritado, onde é discutido contrato lesivo a direitos do Clube, que envolvem a cessão de 25% dos direitos econômicos de Paulo Henrique Ganso, Wesley, André e outros quatro atletas;

5. A DIS ajuizou processo de execução contra o Santos FC, em que pretende receber R$ 5,1 milhões (conforme atualização feita por seus advogados), por força da negociação do atleta Wesley ao Werder Bremen (Alemanha), especificamente pelos 25% dos direitos econômicos abrangidos no contrato cuja ilegalidade está sendo discutida no Judiciário (item 4 acima);

6. A ação de execução promovida pela DIS foi garantida por imóvel oferecido à penhora pelo Santos FC ¿ CT Meninos da Vila -, para viabilizar a discussão do mérito das ações até um final pronunciamento do mérito pelo Judiciário;

7. A DIS insurgiu-se contra a penhora por meio de recurso de agravo de instrumento dirigido ao Tribunal de Justiça, obtendo decisão favorável que bloqueou parte dos créditos do Santos FC junto a patrocinadores e à Rede Globo de Televisão;

8. A penhora de crédito é extremamente nociva ao fluxo de caixa do Clube, ao contrário da garantia imobiliária que permitiria uma discussão do mérito sem impacto financeiro negativo;

9. Por fim, o Santos FC espera que o Judiciário reconheça a lesividade do contrato, em processo que se tramitará sem traumas ao Clube, vislumbrando, portanto, um desfecho favorável à nossa agremiação; 10. O Santos FC,sobretudo ante ao inequívoco desejo do atleta de não mais vestir nossa camisa, concordou em transferir o Paulo Henrique Ganso ao São Paulo FC pelo valor líquido de R$ 23.940.000,00, mais percentual sobre lucro em venda futura, desde que a DIS aceitasse desistir imediatamente da penhora de nossos créditos;

11. Conforme repercutido na imprensa, o impasse realmente persistiu ao longo dos últimos dias, até que a DIS concordou em substituir a penhora mencionada no item 7 acima;

12. O Santos FC, conforme todos os esclarecimentos acima prestados, informa a seus associados e à sua torcida que a cessão do atleta acabou formalizada após desgastante processo negocial, em que se procurou a obtenção do melhor cenário possível a nosso Clube;

13. A direção do Santos FC esclarece que não pretende e que jamais permitirá qualquer dano a seu patrimônio, registrando que a penhora no CT Meninos da Vila configura mera garantia, necessária a viabilizar a defesa de nossos interesses, de forma a invalidar contrato já considerado lesivo por nosso Conselho Deliberativo;

14. O Santos FC considera virada esta página de sua inigualável e Centenária história, colocando definitivamente um ponto final nesse episódio.

De camisa 10 ideal a meia contestado

Ganso, revelado nas categorias de base do Santos, começou no clube em 2008, junto a Neymar, a maior estrela do time na atualidade. Desde que chegou ao time profissional, a carreira de Ganso se revezou em sobes e desces. Nos primeiros anos, o jogador conquistou críticos e torcedores não apenas por ser uma das maiores promessas do futebol do Brasil, mas por ter surgido como protótipo do camisa 10 criativo e pensador, em falta nos últimos anos.

A trajetória de Ganso - que parecia traçar uma ascensão meteórica rumo ao estrelato nos principais gramados do mundo - teve, porém, um baque grande em 2010. No meio daquela temporada, o jogador sofreu grave lesão no ligamento cruzado de seu joelho.

A lesão deixou Ganso fora dos gramados por seis meses e comprometeu a sequência da carreira no Santos do jogador, que não conseguiu manter o nível de seu futebol e perdeu prestígio com a torcida.

A volta ao clube veio durante a Copa Libertadores de 2011, mas nem a conquista do título continental fez com que o meia retornasse a seus melhores dias no Santos. À sombra de Neymar, que se consolidava como grande ídolo e craque do Brasil, Ganso perdeu espaço na mídia e também na Seleção Brasileira. De camisa 10 incontestável, o jogador passou a opção para o meio-campo.

No time olímpico de Mano Menezes, que ficou com a prata na Olimpíada de Londres, o meia Oscar, do Internacional, vestiu a camisa 10 da equipe, a qual, há poucos anos, era reservada para o jogador santista.

Logo após a Olimpíada, intensificaram-se os boatos sobre uma possível saída do Santos. E o destino para Ganso se tornou justamente o rival São Paulo, que quis buscar na Vila Belmiro um substituto à altura para Lucas, negociado com o Paris Saint-Germain. O meia, dessa forma, rompe o contrato com a equipe praiana, com final estipulado para fevereiro de 2015.