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Contrato de Ganso com o São Paulo é de cinco anos

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A novela na qual Paulo Henrique Ganso é protagonista teve o último capítulo escrito em reunião que se estendeu até a madrugada desta sexta-feira. Depois de diversas especulações, o meia, enfim, é jogador do São Paulo. O clube do Morumbi chegou à contratação pouco após o fim de encontro na Vila Belmiro com os dirigentes do clube alvinegro, representantes do grupo DIS e a participação do próprio jogador, o último a chegar. Ganso teve parcela fundamental no acordo já que agiu com o pedido de transferência durante a manhã em São Paulo. O contrato assinado é de cinco anos.

"Estou muito feliz. Uma alegria enorme. Um desejo realizado. Desde que o São Paulo mostrou interesse em me contratar, minha disposição era acertar logo. Agradeço o interesse dos outros clubes, mas o São Paulo mexeu comigo. Agora que deu tudo certo, não vejo a hora retribuir todo esse esforço da diretoria dentro de campo e representar bem a nação tricolor", afirmou Ganso ao site oficial do novo clube. Ele vestirá a camisa oito.

O São Paulo acordou o pagamento de R$ 23,9 milhões sobre o percentual de 45% que o Santos detém do jogador. O clube alvinegro ainda conseguiu impor cláusula de uma comissão de 5% do valor de uma transferência futura do jogador.

A liberação, no entanto, não acontecia pelo fato de o clube alvinegro entrar em atrito com o Grupo DIS, principal parceiro de Ganso. O Santos exigia amortização de metade da dívida de R$ 8 milhões que tem com o Grupo DIS pelo não repasse da venda de Wesley ao Werder Bremen, em 2010. Ficou acordado que o CT Meninos da Vila, utilizado pelas categorias de base, seria indicado como objeto de penhora no entrave jurídico.

O São Paulo venceu a forte concorrência do Grêmio, graças principalmente ao interesse do meia em atuar no rival santista. O negócio foi sacramentado após Ganso negar diversas propostas de reformulação contratual por julgá-las desvantajosas financeiramente, e aceitar um aumento de cerca 130% oferecido pelo rival - no Santos, ele ganhava salário de R$ 130 mil.

"É jovem, talentoso e com o nosso perfil. Mais uma vez o São Paulo mostrou força em fazer parte de uma negociação de grande relevância no futebol brasileiro, assim como foram as vendas de Lucas e Oscar e a contratação de Luis Fabiano", disse o presidente Juvenal Juvêncio.

O acordo de compra foi selado verbalmente na última sexta-feira, mas a negativa santista na forma de pagamento, em duas vezes, e a exigência em receber uma porcentagem em caso de venda para o exterior, travaram o acerto.

Para ter Ganso imediatamente, o rival santista precisou superar a rejeição de outras três propostas - a primeira de cerca de R$ 11 milhões, a segunda de R$ 13 milhões e a última pelo montante exigido sem o pagamento à vista -, todas pelo percentual respectivo ao Santos. O Grêmio ainda tentou atravessar o negócio após intervenção de Vanderlei Luxemburgo e acenou pagar o montante com a ajuda de empresas de conselheiros e a OAS, parceira na construção da arena do clube.

Ganso, no entanto, não ficou animado com a possibilidade de atuar no Sul do País e sempre priorizou ida para o São Paulo. O meia segue afastado dos gramados por lesão na coxa esquerda divulgada no último dia 31, data da última proposta de renovação do Santos, já havia comunicado os dirigentes santista de que não tinha a intenção de atuar pelo clube, e pediu para que a transferência fosse facilitada.

Revelado pelo Santos, Ganso há pelo menos um ano e meio não entra em acordo com a diretoria santista por uma valorização. À sombra de Neymar, que rapidamente se afirmou como um dos principais jogadores do País, o jogador não conseguiu apresentar o mesmo nível de jogo do amigo. Entretanto, a cobrança por um aumento de salário se manteve, e o time praiano não apresentou uma proposta correspondente ao pedido do camisa 10.

Os entraves na negociação resultaram em trocas de farpas públicas entre Paulo Henrique Ganso e o presidente do Santos, Luis Álvaro de Oliveira. Em nenhum momento desde que o camisa 10 pediu um novo acordo, jogador e dirigente entraram em acordo, e a saída do meia, confirmada nesta sexta-feira, se tornou o mais viável para ambas as partes.

O clima péssimo entre diretoria santista e Ganso se refletiu nas arquibancadas. No confronto diante do Bahia, em 29 de agosto, torcedores atiraram moedas e direcionaram protestos ao jogador. Um dia após o revés por 3 a 1 para o clube baiano, os muros do CT Rei Pelé amanheceram pichados com mensagens pedindo a saída do meia. No São Paulo, o jogador deverá ganhar a camisa 8 já usada por Kaká, hoje de Fabrício, a quem constantemente elogia e diz ser uma de suas referências.

De camisa 10 ideal a meia contestado

Ganso, revelado nas categorias de base do Santos, começou no clube em 2008, junto a Neymar, a maior estrela do time na atualidade. Desde que chegou ao time profissional, a carreira de Ganso se revezou em sobes e desces. Nos primeiros anos, o jogador conquistou críticos e torcedores não apenas por ser uma das maiores promessas do futebol do Brasil, mas por ter surgido como protótipo do camisa 10 criativo e pensador, em falta nos últimos anos.

A trajetória de Ganso - que parecia traçar uma ascensão meteórica rumo ao estrelato nos principais gramados do mundo - teve, porém, um baque grande em 2010. No meio daquela temporada, o jogador sofreu grave lesão no ligamento cruzado de seu joelho.

A lesão deixou Ganso fora dos gramados por seis meses e comprometeu a sequência da carreira no Santos do jogador, que não conseguiu manter o nível de seu futebol e perdeu prestígio com a torcida.

A volta ao clube veio durante a Copa Libertadores de 2011, mas nem a conquista do título continental fez com que o meia retornasse a seus melhores dias no Santos. À sombra de Neymar, que se consolidava como grande ídolo e craque do Brasil, Ganso perdeu espaço na mídia e também na Seleção Brasileira. De camisa 10 incontestável, o jogador passou a opção para o meio-campo.

No time olímpico de Mano Menezes, que ficou com a prata na Olimpíada de Londres, o meia Oscar, do Internacional, vestiu a camisa 10 da equipe, a qual, há poucos anos, era reservada para o jogador santista.

Logo após a Olimpíada, intensificaram-se os boatos sobre uma possível saída do Santos. E o destino para Ganso se tornou justamente o rival São Paulo, que quis buscar na Vila Belmiro um substituto à altura para Lucas, negociado com o Paris Saint-Germain. O meia, dessa forma, rompe o contrato com a equipe praiana, com final estipulado para fevereiro de 2015.