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Seleção fica 25 minutos com Lula na escala em Brasília

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Jornal do Brasil

BRASÍLIA, CURITIBA - Durante 25 minutos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu boas-vindas e despediu-se da Seleção, no Palácio do Alvorada. Desse tempo, ele teve 15 minutos a sós com o grupo que seguiu para a África do Sul. Aproveitou para conversar com o técnico Dunga e o presidente da CBF, Ricardo Teixeira. No total, o time que irá disputar o hexacampeonato mundial fez escala de uma hora em Brasília, após ter saído de Curitiba rumo a Joanesburgo. A equipe fez parada na capital federal apenas para ser recebida por Lula. Às 17h, a delegação embarcou em direção ao continente africano. O Brasil tinha chegada prevista a Joanesburgo às 3h (de Brasília), nesta madrugada.

A passagem por Brasília foi a jato para Dunga, Kaká e Cia. O grupo saiu de Curitiba, onde treinou durante seis dias, às 12h30. O avião desembarcou no Distrito Federal às 14h. Uma hora depois, os jogadores adentraram o Alvorada. Foram cumprimentados um a um pelo presidente Lula. Às 15h25, rumaram ao ônibus, de volta, para o aeroporto. Nos arredores do palácio, 250 torcedores pouco viram além do veículo. Com vidros escuros e batedores da Polícia Militar, o ônibus seguiu direto para o Alvorada.

No palácio, os jogadores foram recebidos pelo presidente Lula e pela primeira-dama Marisa Letícia, que vestia uma camiseta da Seleção autografada com o número 2 às costas. Ao abraçar o técnico Dunga, o presidente Lula chamou-o de gaúcho de Ijuí . O presidente e Marisa pediram ainda para tirar fotos com Kaká e Robinho. Com Robinho, Lula fez uma brincadeira com o chefe da delegação, o presidente corintiano Andrés Sanches, que estava ao seu lado.

Vamos ver se a gente leva o Robinho para o Corinthians disse Lula.

Feita a foto oficial da delegação que tentará na África do Sul o hexacampeoanto mundial, Ricardo Teixeira, jogadores e integrantes da comissão técnica foram convidados a entrar no palácio para um encontro informal com Lula. Logo depois, o presidente e Ricardo Teixeira formaram uma roda de conversa com todos os jogadores e integrantes da comissão técnica, o que marcou a despedida do encontro.

Na recepção ao time brasileiro, o humorista Marcelo Marron, do programa Legendários, da Record, foi indiciado pela Polícia Federal por crime de desobediência, após furar o bloqueio da segurança da Presidência e se aproximar dos jogadores.

Antes de Lula recepcionar a Seleção, o governo federal tomou medidas relativas à Copa de 2014, em gramados brasileiros. O ministro do Esporte, Orlando Silva, apresentou os projetos de lei que concedem isenções tributárias à Fifa e a parceiros na organização do evento. A renúncia fiscal, segundo estimativa do ministro, deve ficar em torno de R$ 900 milhões, que será compensada com o aumento da arrecadação em outros segmentos da economia beneficiados com a competição. O Brasil deve arrecadar cerca de R$ 10 bilhões em impostos federais com a Copa do Mundo em 2014.

Do ponto de vista econômico, é um belo investimento para o país, não só pelo ganho que terá de imagem, mas pelo ganho real dos impostos que serão arrecadados por todo esse processo disse o ministro do Esporte.

Os projetos assinados por Lula, que serão apreciados pelo Congresso Nacional, abrangem três das 11 garantias governamentais exigidas pela Fifa. São sobre tarifas alfandegárias e impostos de importação, isenções fiscais gerais e procedimentos relativos à imigração, alfândega e check-in.

Na África, muro de 3m e cerca para blindar time

Fernanda Prates

O cozinheiro Jaime Maciel já está a postos no hotel onde a Seleção ficará concentrada durante a Copa. Pronto para preparar os quilos de arroz, feijão e farofa que os jogadores irão degustar. Os comandados do técnico Dunga desembarcam, quinta-feira, num recém-inaugurado estabelecimento totalmente reservado para a equipe. São 60 quartos, sendo duas suítes presidenciais, à disposição do time. Para garantir a privacidade, Dunga exigiu a construção de um muro de três metros separando o hotel do RandPark, clube de golfe que abriga o empreendimento. Na escola onde a equipe irá treinar, mais reclusão: até cerca elétrica afastará os fãs da Seleção.

A Seleção ficará hospedada no The Fairway, no distrito majoritariamente branco de Randburgo, em Joanesburgo. Inaugurado no último dia 14, o hotel custou R$ 23,5 milhões. Os jogadores estarão em quartos individuais com vista interna e mimos como banheira de hidromassagem. Os funcionários do hotel já estão até aprendendo português para que os jogadores possam se sentir mais em casa.

Em Hoersköol Randburg, escola onde o grupo de Dunga treinará, tudo foi adaptado. Acima da cerca eletrificada, um cartaz alerta aos passantes sobre a possibilidade de resposta armada . Tapumes impedirão a visão do lado de fora. A escola está bloqueada para visitantes: apenas alunos e professores podem passar e sem acesso ao gramado. Antes de a Seleção chegar, os seguranças do colégio já eram hostis à presença da mídia.

Com a seleção há apenas carinho: na entrada da escola, pode-se ver o cartaz Hoërskool l Randburg welcomes Brazil (Hoersköol Randburg dá as boas-vindas ao Brasil). A escola, que sequer tinha campo de futebol, adaptou seu campo de rúgbi para a ocasião. Uma das poucas com a grade curricular em africâner idioma falado pela minoria branca a escola primava pela tradição em rúgbi e críquete, mas decidiu dar um boost na soccer fever dos alunos, promovendo um torneio com a participação dos estudantes e crianças menos privilegiadas.

Em 74, equipe passou dois meses isolada na Alemanha

Tiago Leite

Blindar os jogadores como vem fazendo o técnico Dunga não é novidade na Seleção. O mais famoso caso foi em 74, quando a dois meses da Copa da Alemanha a equipe fez sua preparação, em Feldberg, nos Alpes Alemães, na região conhecida como Floresta Negra. Os atletas ficaram reclusos na concentração.

Paulo Cesar Caju viveu momentos distintos nas duas Copas que disputou. Conviveu com a maior liberdade do grupo de 70 e com o regime quase carcerário quatro anos depois. Para o ex-jogador, não há motivos para Dunga restringir a liberdade e o acesso aos jogadores.

É claro que os atletas têm que cumprir horários e determinações, mas há espaço para tudo. Sempre existiu o contato com os torcedores. Qual o problema de deixar a torcida ver os treinos de uma equipe que só vai jogar dia 11 de junho? Os jogadores precisam desse apoio diz PC.

Paulo Cesar conta que o grupo de 74 ficou revoltado com a preparação nos Alpes.

Aquilo era um regime militar. A comissão técnica tinha vários militares. Éramos como soldados. Seguimos a determinação porque o Brasil era tricampeão do mundo e ninguém queria perder a Copa.

Um minuto para andar no saguão e dar adeus

Às 12h, começou a despedida da Seleção e cercada do povo, cena rara do time sob o comando do técnico Dunga. Cerca de 2 mil pessoas acompanharam o embarque da equipe no aeroporto de Curitiba rumo a Brasília. A festa, porém, durou cerca de 60 segundos. Foi o tempo que os jogadores levaram para percorrer o saguão, sem parar para fotos ou autógrafos. O isolamento foi a tônica dos seis dias de treinamento na capital paranaense. Nesse período, apenas dois treinos foram abertos ao público. Apesar da reclusão, a Seleção seguiu para a África do Sul nos braços do povo. Foi essa a imagem que ficou para o torcedor.

Pelo menos 200 policiais militares foram destacados para o embarque. Um cordão de isolamento de 200 metros foi montado no aeroporto de Curitiba, impedindo a aproximação dos fãs. Mesmo assim, eles levaram mensagens de incentivo em faixas com dizeres como Rumo ao hexa e Nós te amamos, Seleção . Os jogadores chegaram ao aeroporto, escoltado por batedores da Tropa de Choque da PM paranaense.

Avião com recados à equipe

Vinte e um dos 23 atletas convocados pelo treinador Lúcio e Maicon se apresentam apenas quinta-feira, já em Joanesburgo chegaram ao meio-dia ao aeroporto Afonso Pena. Quarenta e cinco minutos depois, o voo fretado da Seleção decolou. O avião que transporta os jogadores do Brasil foi enfeitado com frases de incentivo da torcida. O Airbus A330 tem mais de 100 recados pintados na aeronave da TAM.

A seleção ficou menos de uma semana no centro de treinamento do Atlético-PR, onde a prioridade foi a avaliação médica dos atletas. Após dois dias apenas de exames, os jogadores iniciaram a preparação física para a Copa. Apenas um treino, o da manhã de terça-feira, foi realizado com bola. Kaká, que fez seu primeiro treino apenas na tarde de terça-feira, foi o único a ter atividade na manhã de quarta-feira. Ele realizou treino físico para readquirir a forma. Kaká, neste ano, enfrentou uma inflamação no púbis que o tirou de cena durante 40 dias. Depois, disputou dois jogos pelo Espanhol, com a camisa do Real Madrid, e sentiu dores musculares na coxa esquerda. Ele não joga desde o dia 8 deste mês.

Empolgação no Rio ainda não é grande

Flávio Dilascio

Apesar da recepção presidencial e do clima festivo em Curitiba, o clima de Copa do Mundo ainda não tomou conta das ruas do Rio. Diferentemente de 2006, quando o carioca começou a ornamentar a cidade com mais de um mês de antecedência, os enfeites alusivos à disputa na África do Sul ainda estão muito tímidos, mesmo a pouco mais de duas semanas do início da competição.

Reduto dos mais tradicionais da cidade nesta época, o Alzirão (esquina da Rua Alzira Brandão com Conde de Bonfim), na Tijuca, só tem uma faixa pendurada. A previsão dos organizadores é que quinta-feira seja instalado um bandeirão e, a partir de segunda-feira, comecem a ser colocadas bandeirinhas e pinturas na rua.

Estamos investindo em torno de R$ 1,5 milhão, arrecadado através de patrocinadores. Só que, por problemas burocráticos, nos atrasamos este ano explicou Georges Sawaya, um dos organizadores do Alzirão.

Além do Alzirão, points tradicionais como as ruas Jorge Rudge, em Vila Isabel e Pereira Nunes, na Tijuca, também estão em início de ornamentação.

Quebrando esse paradigma, a Rua Benjamin Constant, na Glória, está quase pronta para a Copa.

Acho que o problema desse atraso geral na cidade é dinheiro. Por conta da violência, tem muita gente com medo dos pedágios nas ruas e, por isso, está difícil arrecadar disse o publicitário Valter Peixoto, um dos idealizadores da ornamentação.