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Ronaldinho Gaúcho vive a ansiedade de ser lembrado por Dunga

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Julio Calmon, Jornal do Brasil

RIO - Sem ter sido lembrado por Dunga para o amistoso contra a Irlanda, no dia 2 de março, último jogo antes da convocação para a Copa do Mundo, Ronaldinho Gaúcho vê suas chances de disputar o principal torneio do futebol mundial diminuírem. Na verdade, ao ouvir de Dunga, na terça-feira, que não é hora de surpresas, o meia já deve estar se perguntando o que fez de errado para não ir à Copa da África do Sul. As respostas, é claro, só o treinador da Seleção poderá dar. Ronaldinho, que não vem atravessando uma fase muito boa no Milan, não chega a ser unanimidade neste momento, mas tem a simpatia de parte do público brasileiro.

Na enquete realizada pelo JB online, 65% dos leitores apoiaram a decisão de Dunga. Fato bem diferente de algumas estrelas do passado, que tiveram o público ao seu lado. Às vezes, o clamor das massas dava certo. Quem sabe muito bem disso é o ex-atacante Romário, que só foi convocado para a última partida das eliminatórias de 1994 depois de uma grande pressão popular. Carlos Alberto Parreira se rendeu e levou o Baixinho para o jogo decisivo contra o Uruguai, no Maracanã. Vitória por 2 a 0, com dois gols dele. Porém, nas duas Copas seguintes, Romário sentiu na pele a dor da rejeição do treinador da Seleção.

Em 2002, pouco tempo antes de Felipão definir quem levaria para a Copa do Mundo da Coreia e Japão, Romário convocou a imprensa para implorar uma chance. Aos prantos, pediu com a justificativa de que o povo novamente o queria em campo. Nos dois anos anteriores, o atacante havia conseguido terminar o Campeonato Brasileiro como artilheiro da competição. Felipão alegou que não levou Romário por questões táticas.

Quero deixar claro que não estou pedindo ou solicitando uma convocação. Todas as vezes que ganhei minha convocação foi dentro do campo. Estou aqui para fazer um agradecimento público ao povo. O apoio é tanto que chega a me assustar disse Romário, na época.

O atacante chegou até a participar de um comercial de refrigerante em que brincava ao pedir sua convocação. Quatro anos antes, Romário havia sido cortado da Seleção que seria vice-campeã. Com uma contusão muscular, deixou a concentração em um episódio marcado por supostos desentendimentos que teve com Zagallo e Zico.

No mesmo ano, um zagueiro vivia a expectativa de ser convocado para a Copa por viver um momento muito bom dentro campo. Mas, apesar do clichê, Seleção não é o momento apenas. Então com 37 anos, Mauro Galvão viu suas chances diminuírem bastante a cada convocação de Zagallo, que não o chamou uma única vez. No ano anterior, ele havia conquistado a Copa do Brasil, pelo Grêmio, e o Brasileiro, pelo Vasco.

Havia uma possibilidade e as pessoas comentavam muito na época. Eu vivia um bom momento. comentou o zagueiro, que disputou a Copa de 1990. O treinador confia mais nos jogadores que já estavam trabalhando antes. E a questão da idade também influenciou.

Em vez de ter sido vice-campeão com o Brasil, Mauro Galvão acabou vencendo a Taça Libertadores pelo Vasco, justamente no ano do centenário do clube. Alegria que ele não esquece. Por isso, deixa um recado para Ronaldinho Gaúcho:

Tem que levantar a cabeça. O futebol não é só a Seleção Brasileira. Eu, por exemplo, acabei sendo muito feliz com o Vasco naquele mesmo ano. No caso dele, ainda há esperança de ser convocado. Basta fazer um pouco mais nesses meses que antecedem a Copa do Mundo.

Capitão do tri sofreu em 1966

A história parece se repetir a cada Copa do Mundo. Em 2002 e 2006, por exemplo, não foram poucos os pedidos para levar o meia Alex, ex-Palmeiras, Cruzeiro, Flamengo e que joga quinta-feira pelo Fenerbahçe. Até craques consagrados passaram pela situação. Campeão do mundo em 1970, Clodoaldo foi cortado quatro anos depois em um episódio polêmico - parecido com o de Romário. Recuperando-se de uma lesão, teve que participar de um jogo treino às vésperas da estreia brasileira, o que para muitos agravou sua lesão e acabou gerando o seu corte.

Companheiro de Clodoaldo em 70, Carlos Alberto Torres passou por situação constrangedora. Em 1966, já era um dos grandes nomes brasileiros para a lateral-direita. Atravessando uma excelente fase, sua convocação era quase certa. Entretanto, o veterano Djalma Santos e Fidélis acabaram indo no seu lugar. Na época, ele achou que fosse um engano na lista. Quarta-feira, Torres participou de um evento em São Paulo, que homenageou o atacante Ronaldo. Aproveitou para pedir a convocação do Fenômeno e de Gaúcho.

Não só o Ronaldo tem de ir, mas o Ronaldinho Gaúcho também. Vou torcer para que tudo corra bem até lá e que vocês ajudem o Brasil.

Outros até foram para a Copa, mas nem sequer tiveram a chance de entrar em campo. Como foi o caso de Roberto Dinamite, convocado em 1982 para substituir Careca, contundido. O atual presidente do Vasco, que já havia disputado a Copa da Argentina quatro anos antes, não foi aproveitado pelo técnico Telê Santana, que escalava Serginho no ataque. Dinamite aproveitou para fazer turismo em terras espanholas, já que nem teve o nome inscrito na Fifa.

>> Opinião do leitor | Ronaldinho na Copa?

O Dunga deve rezar para que o Kaká não se machuque. Imaginem a criatividade do meio de campo da Seleção sem o Kaká. O substituto natural seria o Ronaldinho. Julio Batista substitui o Kaká?

Mario Dias Rodrigues, Rio

Errou. O Robinho está em pior fase que o Ronaldinho. Senão, por que o Manchester City deixou o Robinho vir para o Santos?

Solange Cavalcante de Avellar, Rio

O Ronaldinho não é mais o mesmo, mas levando em consideração certas convocações, ele deveria ter sido chamado

Robson Messias Lopes, Além Paraíba (MG)

Na fase atual, Ronaldinho é melhor que Josué, Elano e Gilberto, tanto técnica e individualmente, quanto taticamente.

Roberto Mattar, Brasília

Dunga nunca gostou de futebol. No seu tempo de jogador era só pontapé. Ronaldinho com a perna amputada é melhor que todos aqueles trogloditas que Dunga escala para nos atormentar.

Nelson Vianna, Niterói

Ronaldinho melhorou um pouco, é verdade, porém continua sem aquele arranque. Na maioria dos lances, fica estático tocando para trás ou para os lados, falta aquela explosão de outrora (Barcelona, nos dois primeiros anos). Infelizmente, para nós brasileiros, as noitadas, baladas e a falta de profissionalismo não permitirão jamais que vejamos um cara que, por não ter juízo ou responsabilidade, deixou de ser aquele garoto do Grêmio, mágico da bola, que eu achei estar vendo renascer Garrincha. Pena...

Guilherme Bisneto, Rio