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Histórias do Carioca: pelado na pelada do interior

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Ricardo Gonzalez, Jornal do Brasil

RIO - Moraes Moreira e Fausto Nilo poderiam perfeitamente estar pensando no Estadual do Rio quando compuseram o frevo Festa no interior . Nos tempos em que TV era coisa rara e o profissionalismo só valia para time grande, ver jogos em Campos, Volta Redonda, Friburgo, Três Rios, Cabo Frio, Campos e Itaperuna não era bom só para a torcida local.

Trabalhar nesses eventos, por maior que fosse o estresse para transmitir matérias na era pré-digital, proporcionava experiências únicas aos jornalistas. Na era Eduardo Vianna, por exemplo, Campos divertia ao se observar os árbitros, na dúvida, darem falta a favor do Americano.

Mas foi no estádio Jair Bittencourt, em Itaperuna, onde eu nunca cobri um jogo normal . Ali já vi o Botafogo dar o maior vareio de bola que o Itaperuna já tomou em casa 4 a 0, em 89. Já vi um alambrado desabar e o companheiro André Balocco reger disciplinados torcedores do Flamengo de volta à arquibancada.

E vi também, em 1997, um jogo fraquíssimo, apesar do placar final de 3 a 2 para o Vasco. Edmundo e Ramon fizeram 2 a 0 no primeiro tempo. O 'sono' era tamanho que o time carioca permitiu o empate ao Itaperuna. Aí Edmundo tratou de colocar as coisa no lugar e fazer os 3 a 2. Eu estava estranhando, tudo estava muito normal, fora o rigor do árbitro José Carlos Santiago, que já expulsara um vascaíno e dois do time da casa.

Quando o terceiro jogador do Itaperuna foi mandado para o chuveiro, já com 3 a 2 no placar, entrei em campo com outros colegas atrás do técnico Paulo Matta, do Iteperuna, que foi tomar satisfações com sua senhoria. Cercado por PMs, Matta simplesmente ficou nu no gramado suas calças caíram. Na hora, tive a quase certeza de que fora um ato involuntário ele não fizera o movimento de abaixar o moleton. Após o jogo, já refeito daquela imagem de pesadelo, fui confirmar o que houvera: Foi protesto, sim. Assim que acabar o Estadual, eu largo o futebol. Não dá pra aceitar o que fazem com os pequenos , disse Matta. Prometeu e cumpriu foi ser cantor, pelo que se sabe, de pouco sucesso.