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De olho no futuro, Brasil vai ao Mundial de Roma com novatos

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Fábio Grijó, Jornal do Brasil

RIO - A partir do próximo dia 25, 28 nadadores brasileiros encaram o desafio da principal competição desta temporada. Do time nacional no Mundial de Roma, as chances de pódio acompanham o campeão olímpico César Cielo (50m e 100m livre), o recordista mundial Felipe França e João Luiz Júnior (50m peito), Guilherme Guido (50m costas) e Henrique Barbosa (100m peito). Os cinco aparecem entre os três primeiros colocados do ranking mundial em suas provas. Além dos medalhões, os representantes do país contam com novatos que seguiram para a capital italiana com meta mais para frente: ganhar experiência para futuras disputas nas piscinas. A diferença em relação a um passado não tão distante assim é que, desta vez, esses jovens chegam com títulos nas categorias de base.

A pernambucana Etiene Medeiros, 18 anos, competirá nos 50m costas, em que foi medalhista de prata no Mundial Júnior de 2008, em Monterrey, no México. Seu melhor tempo nesta temporada (28s55) confere à atleta a 21ª marca do ranking mundial. Seu tempo é pouco mais de um segundo acima do recorde mundial, da russa Anastasia Zueva (27s47).

Outro medalhista em Mundial Júnior que integra o time brasileiro é o maranhense Leonardo Guedes, 20 anos. Em 2006 na primeira edição da competição para os novatos realizada pela Federação Internacional de Natação (Fina) no Rio, ele faturou três pódios: ouro nos 50m costas, prata nos 100m costas e bronze no revezamento 4x100m medley. Agora, em Roma, Leonardo irá disputar apenas os 100m costas. Ele aporta no Mundial com 54s47 como seu melhor tempo neste ano, apenas o 40º posto no ranking mundial. A marca está a quase três segundos dos 51s94 do americano Aaron Peirson, recorde mundial estabelecido, na semana passada, durante a seletiva americana para o Mundial-2009.

Os dois obtiveram índices para participar do campeonato em Roma. Pela regra da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), os atletas só integram as delegações nacionais se alcançarem as marcas exigidas. Nenhum nadador é levado por convite. Apesar da pouca chance nas piscinais do Foro Itálico, Etiene e Leonardo são vistos como as próximas joias a serem lapidadas pela confederação. O objetivo está três anos à frente, nos Jogos Olímpicos de Londres.

Um nadador de alto nível leva de 10 a 12 anos para ser formado diz Ricardo de Moura, superintendente técnico da equipe brasileira de natação. Após os Jogos de Pequim (no ano passado), começamos uma análise para o próximo ciclo olímpico, que só irá terminar em Londres-2012. Identificamos 60 nadadores com potencial para fazer parte desse processo.

A dupla que competirá em Roma está entre os selecionados. A tática repete o que Estados Unidos e Austrália fazem há tempos: identificar novatos com talento e investir no treinamento e no intercâmbio. Foi assim com o fenômeno Michael Phelps. Aos 15 anos, ele seguiu com o time americano para a Olimpíada de Sydney, em 2000. Saiu sem medalha foi quinto nos 200m borboleta. Cinco meses após os Jogos, ele bateu o recorde mundial dessa prova, tornando-se o nadador mais novo a ter a melhor marca do planeta. Desde então, Phelps somou seis ouros e dois bronzes nos Jogos de Atenas-2004 e a façanha de oito ouros em Pequim-2008, algo jamais conquistados em apenas uma edição olímpica.