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Há 10 anos, Xerém tem sido o remédio para os momentos difíceis do Flu

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Flávio Dilascio, Jornal do Brasil

RIO - No final dos anos 90, quando resolveu investir pesado no Centro de Treinamento Vale das Laranjeiras, o popular CT de Xerém, o Fluminense buscava um alto retorno. Além de buscar a conquista de títulos nas categorias de base, tal investimento tinha como principal meta revelar talentos que pudessem ser aproveitados no time profissional, ou mesmo renderem um alto dinheiro para os cofres do clube, em transferências para o mercado exterior. Na prática, a salvação não foi apenas financeira. O clube se especializou em revelar promessas em momentos de crise. A bola da vez é Maicon, confirmado no time para o jogo de domingo, contra o Internacional.

O investimento na base surgiu justamente em um momento em que o clube agonizava. Depois de anos de más administrações, o Tricolor amargou três rebaixamentos dentre eles uma virada de mesa que fizeram a equipe despencar para a Série C do Brasileiro. Mas, aos poucos, foi se reerguendo, principalmente graças ao trabalho de base, o qual nunca o deixou voltar à uma condição desfavorável.

Logo no início da era Xerém, o Fluminense foi contemplado com a revelação do meia Roger, hoje no futebol do Catar. Em seu primeiro ano como profissional, o apoiador conduziu a equipe ao título da Série C, o qual recolocou o Tricolor no primeiro escalão do futebol no ano seguinte, graças à criação da Copa João Havelange.

Nos dois anos posteriores, o Fluminense fez boas campanhas no Brasileiro, mas, em 2003, motivado por uma entressafra de jogadores, voltou a agonizar no Brasileiro. Foi aí que surgiram novos valores formados em Xerém, como Carlos Alberto, Fernando Henrique, Jancarlos e Rodolfo, que conseguiram manter o clube vivo na Série A. O mesmo que aconteceu com a geração Arouca, Lenny e companhia, que livrou o Flu do rebaixamento, depois de mais um período de transição, em 2006.

Coincidência ou não, o Tricolor volta a utilizar a prata da casa como arma para livrar-se do rebaixamento deste ano. Com a saída de nomes de peso como Thiago Neves, Gabriel, Cícero e Dodô o técnico René Simões promoveu os novatos Maicon, Tartá e Alan, os quais têm sido grandes trunfos do time nesta reta final de Brasileiro.

Esses garotos têm ido muito bem e isto acabou virando um fato novo. Agora, utilizarei-os constantemente pois vi suas importâncias para a equipe declarou René, que utilizará Maicon no time titular e deverá lançar Tartá no decorrer da partida. Gosto muito destes três e recebi ótimos relatórios sobre os desempenhos deles nas categorias de base.

Único recém-promovido escalado como titular, Maicon, de 18 anos de idade, já se sente preparado para encarar a carreira profissional. Com uma trajetória vitoriosa nas categorias de base, ele destaca o que os jogadores formados em Xerém têm de diferente em relação aos demais.

Cheguei ao clube aos 11 anos de idade e agora estou sentindo essa sensação maravilhosa que é jogar no profissional. Nós, que viemos de Xerém, desenvolvemos um carinho especial pelo Fluminense. Muitos companheiros chegaram aqui torcendo para outros clubes e acabaram virando tricolores, pois isso aqui acaba virando a sua casa ressaltou Maicon, que, no entanto, não precisou de passar por essa transformação. Eu, graças a Deus, sempre fui tricolor e aprendi a amar este clube desde cedo. E é com esse amor que vou fazer de tudo para tirar o time dessa situação.