NAS QUADRAS
Caminho sem volta?
Por PEDRO RODRIGUES
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Publicado em 29/11/2025 às 08:09
Alterado em 29/11/2025 às 12:48
O Corinthians de Elinho em quadra. Por enquanto
Foto: Fiba Americas
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Essa semana traz a seleção brasileira de volta à quadra pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026 e a definição da sonolenta — e cada vez mais desnecessária — NBA Cup. Caminhava para ser um período tranquilo, até que a bomba explodiu na terça-feira (25). De forma exclusiva, o podcaster do Café Belgrado, Guilherme Tadeu, publicou no X que o Sport Club Corinthians iria encerrar suas atividades no basquete.
Passado o susto, veio o espanto: a situação era pior do que imaginávamos. O Corinthians pretende não apenas acabar com o basquete de alto rendimento — o time adulto do NBB e o feminino na LBF —, mas extinguir o basquete como um todo, inclusive as categorias de base. Há muitas camadas nessa história, e precisamos começar pelo topo. O Corinthians atravessa uma crise política, financeira e gerencial profunda. Claro que, se o resultado em campo — no futebol, naturalmente — estivesse acontecendo, a pressão não seria tão alta.
Com o futebol patinando, respinga em todos os departamentos. No caso do basquete corintiano, dói ainda mais pela história e pelo peso da camisa, mas prevalece aquele pensamento básico quando falamos de esporte olímpico no Brasil: se não ganha, não serve. O São Paulo, campeão da BCLA em 2022, é uma exceção rara.
Vale uma recapitulação rápida sobre a participação do Timão no NBB desde sua volta em 2018. O time retornou após vencer a Liga Ouro (inclusive, já leu meu papo com Gustavinho Lima sobre isso? ) e, desde então, sempre oscilou no meio da tabela, sem jamais alcançar uma semifinal de NBB. Em 2019, teve uma chance de ouro de conquistar um título importante, mas perdeu de virada para o Botafogo de Léo Figueiró na Sul-Americana (leia mais). Chegou a ter Zoom Fuller como ídolo por um período, mas, sejamos honestos, o projeto nunca engrenou completamente nessa volta ao NBB. Ironia do destino: o time atual é um dos mais fortes e equilibrados dos últimos tempos, bem conduzido pelo técnico Jece Leite e ocupando a 4ª posição na tabela.
Existe solução? De fora, tudo parece simples — mas há um esforço conjunto de todo o basquete para salvar o Timão. O primeiro passo precisa ser dado pelos atuais gestores do departamento. O exemplo a ser seguido é o do basquete do Flamengo, não o do futebol. Em 2012/13, o Flamengo atravessava uma crise séria por conta de salários atrasados. A partir da chegada de Marcelo Vido e Alexandre Póvoa, um choque de gestão transformou o time em menos de dois anos: elenco forte, título Intercontinental e até participação na pré-temporada da NBA. Resgatei uma entrevista de Vido da época que continua atual: o basquete precisa ser autossustentável (entrevista completa).
Do outro lado, a arquibancada também precisa fazer sua parte. Em quadra, o time tem entregado. Cabe à Fiel lotar o ginásio Wlamir Marques — e não apenas comentar no Instagram. Essa é a pressão popular que funciona.
Daqui, torcemos pela continuidade do projeto corintiano. O NBB — e principalmente o basquete brasileiro — precisa do Corinthians.