NAS QUADRAS

Continuidade

Por PEDRO RODRIGUES
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Publicado em 01/11/2025 às 09:04

Alterado em 01/11/2025 às 15:05

O ala Alex Negrette começou muito bem pelo Flamengo Foto: Léo Lenzi/Agência NTZ

Os times do Rio estão em um giro paulista e, mesmo com poucos jogos na temporada, essas partidas fora de casa já permitem observar o estado atual dos projetos de basquete de Flamengo, Botafogo e Vasco da Gama. São situações distintas, com cenários e expectativas próprias, mas é preciso apontar algumas lacunas que precisam ser preenchidas para que o basquete nos três grandes evolua.

Comecemos pelo cenário mais “simples”: o Flamengo. O clube da Gávea tem um dos maiores orçamentos do basquete nacional e mantém um protagonismo que já dura mais de uma década. Neste ano, não é diferente. Com um time comandado por Alexey Borges, o Flamengo está invicto neste momento da temporada, com cinco jogos e cinco vitórias.

O grande trunfo desse projeto, já maduro, é a continuidade. A base criada com Alexey e Ruan (fora desta temporada por lesão) começou no ano passado, quando o time ainda era dirigido por Gustavo de Conti. Agora, sob o comando de Sérgio “Oveja” Hernández, a equipe trouxe bons nomes, como o armador Dee Bost e o excelente ala Alex Negrette.

O ponto principal aqui não é a condução do projeto, e sim a expectativa. O Flamengo vive um incômodo jejum de títulos do NBB e vê o Sesi-Franca se consolidar como a dinastia da década, com jogadores como Lucas Dias e Georginho.

 


Matheusinho, do Botafogo, em ação contra o Mogi Foto: Wilian Oliveira/Mogi Basquete

 

Já o Botafogo tem outra história. O Alvinegro está em seu terceiro ano consecutivo no NBB — e em seu terceiro recomeço. É preciso reconhecer o esforço da diretoria, que trabalha constantemente para manter o clube representado na categoria adulta. Porém, essa falta de continuidade é prejudicial ao projeto.

Somente o armador Matheusinho permanece desde o retorno do clube ao NBB, na temporada 23/24. São três anos com três técnicos diferentes e elencos praticamente renovados a cada temporada. Infelizmente, os resultados ainda não vieram: são quatro derrotas e apenas uma vitória — sobre o Vasco da Gama. Duas dessas derrotas aconteceram em viradas dolorosas, contra Fortaleza e Unifacisa.

São três anos de muita entrega em quadra, mas pouco resultado esportivo. Para que o projeto cresça, chegar aos playoffs é fundamental na construção de uma base sólida para o futuro.

Falando em futuro, chegamos ao Vasco da Gama. Se estivéssemos na NBA, poderíamos dizer que esta é a temporada de rebuild do time. Pena que, por aqui, não temos o mesmo cenário da liga americana, em que uma boa escolha no draft pode mudar a sorte de uma franquia da noite para o dia. No NBB, o caminho é bem mais complicado.

Depois de uma boa retomada — com um 4º lugar em 2024 e presença nos playoffs em 2025 —, o Vasco começou esta temporada cercado de incertezas: perdeu o patrocinador principal e viu o futuro do projeto ser colocado em dúvida. Só no início de outubro o clube começou a divulgar seu elenco para 25/26, montado de acordo com o (pouco) orçamento disponível.

Mesmo assim, o time conta com um astro no banco de reservas, o técnico Léo Figueiró. A equipe, embora modesta, compete até a última gota de suor e talento. São cinco jogos e nenhuma vitória até agora — algo que naturalmente acende o alerta. Talvez com um ou dois reforços estrangeiros o Vasco consiga as vitórias necessárias para fugir do rebaixamento. Esse seria um destino cruel demais para uma diretoria, comissão técnica e elenco que têm se esforçado ao máximo para entregar bons resultados.

Para finalizar…

O manto das acusações envolvendo Terry Rozier e o ex-técnico Chauncey Billups ainda paira sobre a temporada da NBA. A liga precisa mudar de assunto — e levar novamente o foco para dentro das quadras. Por isso, a NBA Cup deste ano tem tanta importância.

Se tivermos uma final com o Spurs do fenômeno Victor Wembanyama e um Bulls ou Knicks, o enredo muda. Já que chegar às finais da NBA ainda não é realidade para Wemby, disputar uma decisão — mesmo que seja da NBA Cup — já vale muito.

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